domingo, 19 de agosto de 2012

Alex Ferraz

América Latina
Assustador: na Colômbia, pelo menos 18 mil menores de idade fazem parte de organizações armadas e cerca de 100 mil estão indiretamente ligadas a elas. São crianças envolvidas até o pescoço na guerrilha.

O descrédito na Justiça e o conformismo
Conversando com conhecido advogado de defesa do consumidor, chegamos a conclusão de que ele e eu desistimos de nos queixar contra operadoras de internet que oferecem e cobram por um serviço e prestam outro, bem inferior. Refiro-me, no caso específico, à velocidade da internet: a operadora lhe vende 10 megas e só force dois, quando muito.
Aí, ficamos revoltados, mas quando nos lembramos da imensa distância que nos separa de uma Justiça ágil, nos conformamos, pois perdemos todo o ânimo de fazer a queixa judicial.
A situação se aplica a todos os níveis de desrespeito a que os cidadãos brasileiros são submetidos, e, se a Justiça, que seria a instância máxima, não tem a credibilidade necessária, o que dizer de nos queixar a gerentes, agências reguladoras (estas só agem a favor das empresas) e coisas que tais?
No supermercado, a fila desumana enquanto a maioria dos caixas permanece fechada (porque eles querem ganhar dinheiro prestando o mínimo de serviço) é engolida a seco, até com certo ódio, mas em silêncio, porque nunca conseguimos chegar ao gerente, e, em raros casos em que chegamos, de nada adianta, pois ele tem logo uma “explicação” decorada e nada muda.
Se a prefeitura não troca a lâmpada, não recolhe o lixo, se a Polícia não faz ronda, se o ônibus atrasa, se a estação de embarque é uma pocilga, se há buracos por toda parte, se o colégio público não presta, se o hospital não lhe atende, o que fazer?
Calar-se e engolir seco, de novo. Pelo menos essa apatia tomou conta de todos. E segue, então, Estado, prefeituras e empresas privadas zombando solenemente do cidadão aviltado, neste país onde as mais comezinhas obrigações oficiais e os mais simples deveres do capitalismo são jogados na lata do lixo.

Na Copa, sem água (I)
Da série: recebendo a Copa sem água na cozinha.
Pelo menos três capitais que receberão jogos da Copa do Mundo de 2014 sequer têm abastecimento de água 24 horas por dia para toda a população.
São elas: Cuiabá, Recife e Manaus (esta última, ironicamente, cercada por imensa quantidade de água doce).
Nessas capitais, além de a rede não chegar a todas as residências, parte dos domicílios é atendida de forma intermitente.

Na Copa, sem água (II)
A situação, que mais lembra os paupérrimos países africanos, faz com que os moradores sejam obrigados a usar a água de forma racionada.
A propósito, o presidente do Trata Brasil, Édison Carlos, analisa: “São cidades que não conseguem ter água 24 horas para a população existente e não possuem compromissos de fazê-lo para a Copa do Mundo.” Uma vergonha!

Falou e disse, Cristovam (I)
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), embora saudando o lançamento do pacote de Dilma para recuperação (sic) da infraestrutura física do País, lamentou que a presidente não tenha “convocado todas as forças nacionais para debater a crise na infraestrutura intelectual”, referindo-se à notória deterioração da educação no Brasil.
Ele chama a situação de “apagão intelectual” e classifica nossa educação como “depredada, podre, reprovada e falida para as exigências dos tempos atuais.”

Falou e disse, Cristovam (II)
A realidade cruel, porém, é que governantes atuais e todos os pretéritos (inclusive o intelectual FHC) nunca tiveram qualquer intenção de tornar a população culta e bem informada.
Manter a massa na ignorância e pobreza é que gera a garantia de votos para aqueles que nada têm mais a oferecer do que migalhas oficiais em troca do voto de cabresto.
Uma população com alto nível de educação certamente poria para correr todos os governantes e políticos que este país já viu, com raríssimas e honrosas exceções, Cristovam Buarque entre elas.

Os bilhões e as urnas
De Brasília à Bahia, eis que chovem pacotes e promessas de investimentos de dezenas de bilhões em fantásticos e úteis projetos.
Mas quando olhamos as mesmas promessas, feitas, por exemplo, em 2008, outro ano eleitoral, e vemos o saldo pífio das que foram cumpridas, cumpre-nos ficar com a pulga atrás da orelha.
É, esse pessoal zomba, mesmo, a inteligência do povo.

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