Está lá, no capítulo V, que trata da
cultura, no artigo 147: “O Município protegerá as manifestações culturais
populares e dos grupos étnicos participantes do processo civilizatório nacional
e promoverá, em todos os níveis das escolas municipais, a educação sobre a
história local e dos povos indígenas e de origem africana”. Mas não é o que
acontece. Não há nenhum livro adotado pelas escolas que conte a história do
Município, principalmente de 1950 até os anos mais recentes.
No artigo 148, está escrito:
“Constituem patrimônio cultural do Município os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, que contenham referência à
entidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores do povo feirense,
entre os quais se incluem: I formas de expressão; II os modos de criar, agir e
viver; III As criações tecnológicas, cientificas e artísticas; IV As obras,
documentos, edificações e demais espaços destinados a manifestações artísticas
e culturais”.
E nestes quesitos o “bicho pega”. A lei
1.077, de 1987, que criou o Arquivo Público Municipal, reza que o mesmo tem a
finalidade de “desempenhar atividades referentes ao recolhimento, guarda,
preservação e conservação de documentos que evidenciem a memória histórica,
geográfica, administrativa, técnica, legislativa e jurídica do Município”,
competindo-lhe ainda “planejar, orientar, coordenar, supervisionar, executar e
avaliar as ações inerentes à sua finalidade”.
Como se vê, leis não faltam, mas, não
são aplicadas. O Arquivo Público até existe, mas está parado no tempo, pois
desde que foi reformado, ainda no primeiro mandato de José Ronaldo como
prefeito da cidade, não ampliou em nada o seu acervo, nem executou as ações
previstas na lei que o criou. E não se pode culpar os diretores que por lá
passaram, pois ainda que tivessem formação acadêmica para exercer o cargo, não
receberam incentivos nem recursos dos governos para executar quaisquer ações
que tenham idealizado.
Uma mobilização por parte dos
historiadores e defensores do patrimônio sócio educativo do município se faz
necessária para que algo se mova nos poderes públicos. Enquanto isso não
acontece, a cidade continua com sua história mal contada.
N.E.
Agradecemos ao professor e pesquisador Carlos Mello à sua valiosa contribuição
para a confecção desta matéria.
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