terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Sempre se pode contar com o ser humano...

Cristóvam Aguiar
   O título acima é uma expressão cunhada por Millôr Fernandes ao tomar conhecimento de que, após uma tragédia com muitas vítimas, muitas pessoas acorreram ao local, mas, não para socorrer, mas para saquear os mortos e, quem sabe, até matar os moribundos. A espécie humana é algo totalmente fora dos padrões da natureza. Pertencente ao reino animal ela não se comporta como tal. Ela é única, singular em várias coisas. Isso poderia ser uma benção, mas, creio ser uma maldição.

         Os animais, ditos feras selvagens, estão lá, na água, no mato ou nos ares, totalmente integrados à natureza, cada um cumprindo o seu papel, sejam presas ou predadores. Eles nascem vivem e morrem vivendo em perfeito equilíbrio, com incrível poder de adaptação às mudanças promovidas pelo destino. Não reclamam, não entram em guerras, não matam por esporte, nem depredam o ambiente em que vivem. Fazem apenas o que é necessário para cumprir o papel para o qual foram criados, inclusive, servir aos seres humanos (há controvérsias quanto a isto).
         Estes, por sua vez, estão proliferando sobre o planeta mais que ratos e baratas, consumindo com enorme voracidade todos os seus recursos naturais, sem dar tempo e sem colaborar com a natureza para restaurá-los. E ainda se dizem inteligentes. Sei que não vou estar mais aqui quando acontecer, mas, como disse Raul Seixas, no dia em que o planeta não suportar mais as pulgas, ele vai livrar-se delas.
         Porém, enquanto esse dia não chega, vão aparecendo pessoas que sempre conseguem surpreender seus semelhantes. Até os mais velhos, mais letrados, viajados, cheios de experiências vividas, volta e meia se surpreendem com alguma atitude de alguns semelhantes. E no campo dos homicídios e crimes sexuais é onde os humanos são mais versáteis.
         Se alguém se dispusesse a escrever um livro sobre as formas criadas pelos humanos para matar seus semelhantes, creio que teria que ser algo como uma enciclopédia, com muitos grossos volumes. Pedras, flechas, facas, lanças, armas de fogo, bombas, são brinquedos de crianças. Os profissionais usam métodos mais sofisticados e dolorosos como tábua, garrote, gases letais, vidro moído, bambu raspado, e vamos parando por aí.
         Nas “artes” sexuais também estamos ficando muito criativos. Estuprar uma mulher é coisa de “babacas”. O negócio agora é mandar ver em tudo que estiver ao alcance, sejam mulheres, homens ou crianças. Animais, domésticos ou selvagens, também estão no cardápio.
         Eu já tinha lido alguma coisa sobre a origem da aids nos humanos ter sido a relação de africanos com fêmeas de macacos. Não vou discutir a veracidade da informação até porque se há alguma prova disso ninguém ainda, que eu saiba, apresentou. Mas eu já ouvi e já presenciei casos de humanos relacionando-se com animais domésticos. Cães, caprinos, ovinos e equinos estão sempre no cardápio.
        
Contudo, foi justamente quando eu achava que já conhecia todo tipo de degradação humana, que me chegou a notícia. Num país da Ásia (tinha que ser na Ásia), guardas florestais prenderam uma quadrilha especializada em traficar animais e vende-los para (pasmem) a prostituição. No esconderijo dos bandidos, os policiais encontraram (pasmem duas vezes), uma fêmea de orangotango totalmente depilada, com batom e brincos, presa a uma cama, prontinha para ter ralações sexuais com um humano.

         Millôr estava certo. 

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