sexta-feira, 10 de março de 2017

Quem, realmente, deseja a paz.


    Vem aí a “Caminhada do Perdão”. E eu começo a me questionar: Quantos que dela participarão já perdoaram ou foram perdoados? A mesma pergunta me faço sobre a “Caminhada da Paz”. Quantos que dela participam desejam mesmo a paz? Por uma questão de ordem, antes de nos aprofundarmos no tema, é válido lembrar que a primeira é promovida pela Igreja Católica e a segunda pela Comunidade Espírita. Lembrar também que a Caminhada da Paz perdeu força quando um dos seus líderes se envolveu em questões policiais referentes à campanha do desarmamento, promovida pelo governo Federal. E, por fim, ressalvar que, apesar de ter sido batizado e crismado na Igreja Católica e ter começado a frequentar Centros Espíritas ainda muito jovem, não me julgo pertencente a nenhuma dessas correntes, uma vez que considero a fé algo muito íntimo e que Deus precisa ser entendido antes de ser acreditado. Enfim, sou espiritualizado, mas, adepto do livre pensamento.
         Isto posto, iniciemos o nosso raciocínio pelo perdão. Quando questionado sobre “quantas vezes devemos perdoar”, a resposta de Cristo foi que devemos perdoar “70 vezes 7”, dando-nos assim o pressuposto de que devemos perdoar sempre àqueles que nos ofendem. Porém, não está escrito que temos que “reconciliar”, que é algo bem diferente de perdoar. Perdoar é não retaliar, não se vingar, não desejar mal àquele que praticou a ofensa contra nós, deixando o destino do ofensor nas mãos de Deus e seguir em frente, nos questionando sempre sobre o ocorrido e buscando ver se a ofensa não aconteceu porque nós mesmos permitimos, por invigilância, ou quem sabe até porque fomos gananciosos, arrogantes, orgulhos, coisas assim que nos deixam vulneráveis à ação dos aproveitadores.
         Reconciliar pressupõe que passemos uma borracha, esqueçamos a ofensa, e sigamos em frente de mãos dadas com o ofensor. Isso, para mim é idiotice. É dar ao ofensor a oportunidade para que nos prejudique outra vez. Não creio que o reino dos céus pertença aos tolos. Perdoar, tudo bem. Siga seu caminho que eu sigo o meu. Se em algum momento me pedir ajuda, ajudarei, mas sempre com um pé atrás para não ser atacado nem traído novamente. E, o mais importante, não guardar mágoa ou rancor, porque estes sentimentos só causam mal ao nosso corpo e ao nosso espírito. Prejudicam nossa saúde e atrasam nossa evolução espiritual.
         A Paz é um tema mais complexo. Nicolau Maquiavel ensina que se desejarmos a paz deveremos nos preparar para a guerra. E está certíssimo. Ninguém respeita o fraco e covarde que evita o confronto mesmo sendo agredido. E os fracos e covardes são sempre agredidos e dominados. Por isso devemos desde cedo nos prepararmos para sermos guerreiros, sermos fortes de corpo e espírito. Isso não quer dizer que devemos nos transformar em guerreiros sanguinários e conquistadores. Mas, um povo que sabe se respeitar e respeitar seus semelhantes. Para que isso ocorra é necessário que, além de fortes e corajosos, sejamos sábios. Mente sã em corpo são, ensinavam os gregos. Um corpo forte precisa de uma mente forte para lhe guiar pela jornada da vida.
         A todos esses fatores virão se juntar: A fé eu Deus, como quer que você o conceba, o amor ao próximo e a si mesmo, respeito pelos outros e por si mesmos, saber a hora de falar e de calar, buscar constantemente o estudo e aprendizado sobre todas as coisas, amar para ser amado, refletir antes de falar ou agir, conhecer seu corpo e sua mente, aproveitar todas as oportunidades que a vida lhe der, sem medo ou preocupação, lembrando que mesmo na queda há lições importantes para ajudar a seguir no caminho.
         Coisas assim irão nos levar a uma vida melhor, onde que quer que você esteja. Mas se você prefere participar da Caminhada do Perdão ou da Paz, apenas como um figurante que quer mostrar aos outros o quanto é bonzinho, resmungando preces e frases decoradas sobre as quais não tem o menor entendimento, e guardando rancor no seu coração, esperando uma oportunidade para se vingar daqueles que lhe atingiram, eu lamento por você e peço que Deus tenha piedade.

P.S. E não peça nem espere que ninguém lhe dê nada, seja forte e inteligente para conquistar o que quer sem ter que pedir ou roubar.

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