quinta-feira, 13 de abril de 2017

A nova geração de brasileiros donos de casa que rompem tabus e 'padecem no paraíso'



Desempregado há dois anos, o engenheiro ambiental Philippe Maciel, de 32 anos, tem uma rotina cheia de trabalho. Só pela manhã, troca fralda, faz mamadeira, sai para brincar, prepara almoço. Sua "chefe"? Alice, a filha de um ano e sete meses.

Desde que pediu demissão do último emprego, Maciel representa um tipo de arranjo doméstico que vem avançando aos poucos no Brasil: homens que dedicam 100% do tempo a cuidar dos filhos e da casa.


A tendência reflete impactos da crise econômica e de mudanças culturais, apontam especialistas. Entre 2005 e 2015, por exemplo, homens e mulheres passaram a dividir um pouco mais os afazeres domésticos, segundo a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Essa repartição, porém, continua desigual no país. Em 2015, mulheres gastavam, em média, 20 horas e meia por semana em tarefas de casa e os homens, dez horas - a diferença no trabalho doméstico entre os sexos caiu uma hora e meia em dez anos. Ainda assim, assumir o papel de "dono de casa" não costuma ser fácil para os homens. Maciel, por exemplo, sentia-se incapaz como marido e profissional, e chegou a entrar em depressão.

"Não gostei muito no início, até porque não escolhi ficar em casa. Por isso sempre tive na cabeça que precisava conseguir um emprego e contribuir com dinheiro o quanto antes", diz.

Foi preciso uma injeção de ânimo da mulher para o engenheiro se encaixar na nova função. "Ela me disse que também poderia estar naquela situação, e que eu não percebia que estava cuidando da coisa mais importante que temos na vida", conta o morador da capital paulista.

Em março deste ano, a BBC Brasil publicou um chamado nas redes sociais para saber quem são os homens brasileiros que optaram por cuidar dos filhos enquanto as mulheres trabalham fora. Algumas das centenas de respostas estão detalhadas nesta reportagem. Leia matéria completa no BBCBrasil



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