Esta semana o radialista Dilson Barbosa
se emocionou no ar ao relatar um episódio ocorrido com ele e sua esposa, quando
resolveram distribuir mingau para mendigos e moradores de rua em madrugadas
frias de inverno. Segundo ele, um dos mendigos recebeu o copo de mingau e jogou
no rosto dele e de dona Angélica. Não fossem eles pessoas de boa índole e de
bom coração, ficariam revoltados e nunca mais praticariam caridades cristãs.
Mas, um verdadeiro cristão não se revolta, antes, ele procura entender o
ocorrido, aprende e busca uma maneira melhor e mais eficiente de praticar a
caridade.
Eu, por exemplo, não dou esmolas. Sigo
a sabedoria de Luiz Gonzaga que disse: “Uma esmola pra um homem que é são, ou
lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Mas, quem me conhece sabe que pratico
caridade. Contudo, não saio por aí procurando necessitados nem propagando o que
vier a fazer com alguns deles. Minha primeira regra é: Só se ajuda a quem pede.
Sim. Porque quem vem me pedir ajuda, realmente está necessitado, e eu tenho que
encontrar a melhor maneira de ajudar para resolver definitivamente o problema,
e não criar paliativos.
Não dou dinheiro. O pedinte tem que
fazer alguma coisa para merecer um pagamento, por menor que seja. Maura lembra
até hoje quando ela me viu certa vez mandar engraxar meus sapatos cinco vezes
na mesma noite. Foi num bar. Os meninos chegavam, perguntavam se eu queria
engraxar, eu mandava fazer o serviço. Ajudei como pude, não é verdade? Se me
pede dinheiro dizendo que é pra comprar comida, eu compro uma quentinha e dou
ou então, se estiver num bar, peço ao dono para servir um prato e colocar na
minha conta. Mas, dinheiro eu não dou.
Aconteceu e ainda pode acontecer, alguma
vez eu fazer alguma coisa que a maioria das pessoas acha estranha, mas que eu
acho muito natural. Eu já tirei minha camisa e dei para alguém que estava com
frio, eu já tirei meus sapados e dei para alguém que estava descalço. E daí.
Resolvi o problema da pessoa naquele momento sem prejuízo, porque eu tinha
outras camisas e sapatos. O que não posso é despir um santo, deixando-o
desabrigado, para vestir outro. Certa vez cai na besteira de dar um prato de
comida a um mendigo na porta da minha casa. No dia seguinte ele voltou,
acompanhado. E logo eu já um monte de “clientes” diário, e eu cortei o mal pela
raiz. Se continuasse, logo iria faltar comida para minha família, e eu tive que
parar o “fornecimento”.
Nos dias de hoje descobrimos que
existem pessoas que praticam a “mendicância profissional”. Maura me falou de um
sujeito que vende “kit mendigo”. Ele vende ou aluga roupas velhas e sujas,
bengalas, óculos escuros, cadeiras de roda e mais uma infinidade de acessórios
úteis para os mendigos profissionais, alugam até crianças. A professora Lúcia
Miranda me falou certa vez que a Prefeitura de Feira deu uma casa, em Amélia
Rodrigues, para uma família de mendigos oriunda daquela cidade. Pouco depois a
família estava de volta pedindo esmolas no mesmo local de sempre. “Aqui a gente
ganha mais”, teria justificado o chefe da família.
Hoje em dia são tantas “ONGs”,
programas de assistência social, bolsas, e “presentes” que os governos dão com
o nosso dinheiro que eu já me desobrigo, sem dor na consciência, de dar esmolas
ou “ajudar” quem quer que seja, exceto, alguns casos excepcionais. Por exemplo,
eu já arranjei emprego, doei medicamentos, ferramentas, material de construção,
enfim, tudo que for possível para matar a fome, curar doenças, dar um teto, ou
preparar para o trabalho. E posso fazer isso sempre que quiser para quem eu
quiser, observando sempre se a pessoa precisa mesmo e se deseja a minha ajuda.
Esmola eu não dou.
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