quarta-feira, 29 de maio de 2013

... e Jarbas arou o campo sem nunca ter olhado para trás.



                                       “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está
                                               apto para o Reino de Deus”  (Lucas 9, 62 b)

 Faleceu na terça-feira passada (28) dom Silvério Jarbas Paulo de Albuquerque (96 anos), bispo emérito de Feira de Santana. Dom Silvério apresentava saúde debilitada há algum tempo por causa da idade avançada. O corpo foi velado e sepultado na Catedral Metropolitana de Santana, onde também foi celebrada uma missa de corpo presente, com participação de dezenas de bispos, padres e milhares de fiéis .

         Dom Silvério nasceu em Olinda, Pernambuco no dia 11 de março de 1917, filho de Artur Paulo de Albuquerque e Laura Isaura de Melo Albuquerque. Fez seus estudos fundamentais no Colégio Marista de Recife. Em 1933, seguiu para a Alemanha para completar seus estudos. Em 1937, professou os votos religiosos na Ordem dos Frades Menores. Ordenou-se sacerdote a 30 de maio de 1942 e no mesmo ano foi nomeado diretor do Seminário Franciscano Ipuarana, em Campina Grande, interior da Paraíba. De 1964 a 1970 foi superior do convento São Francisco, em Salvador. No dia 17 de março de 1970 recebeu a notícia de sua eleição para bispo da Diocese de Caetité, onde permaneceu por três anos.

De 1973 a 1995 foi bispo da diocese de Feira de Santana. Dom Silvério, mesmo como bispo emérito, continuou prestando serviços na Secretaria do Arcebispado, fazendo crismas e participando de festas de padroeiros em paróquias da Arquidiocese. Sempre teve um grande amor à Igreja confirmando o lema que orientou seu ministério episcopal: “Sentire cum Ecclesia” (Sentir com a Igreja).

A biografia de Dom Silvério, publicada em 2008 no livro “O Campo Arado por Jarbas” do escritor Carlos Kruschewsky, mostra fatos pouco conhecidos da infância e adolescência do menino\rapaz alegre e feliz que gostava de jogar futebol, passando pelos fatos sócio políticos com os quais ele teve que lidar, como o nazismo e a ditadura militar no Brasil, inclusive, narra fatos sobre a polêmica extinção do lado profano da Festa de Santana na década de 80.

O livro mostra em cada fase da vida de Dom Silvério um ser humilde, voltado para a fé, o conhecimento e o trabalho, sempre com coerência e firmeza, como demonstrados na defesa de um colega preso pela ditadura, ou na visita da Rainha da Inglaterra ao Convento de São Francisco, em Salvador.

O advogado Antônio Santana, que prefacia o livro, assim retratou o caráter de Dom Silvério: “...sua visão e sua formação teológica não surgem como uma exposição doutrinária carregada de erudição, mas de uma forma espontânea e em consonância com a Igreja, frutos que são dessa sólida formação, após anos de tanto estudo e trabalho. Em tudo emerge a mansuetude, a firmeza e mostra a revelação, ‘sem a qual a criação seria um livro fechado’. Sempre cultivou o desapego, identificando-se com o Senhor e o agir como Cristo”.

Para os católicos, o sentimento que fica foi expresso pelo arcebispo metropolitano, Dom Itamar Vian: “O irmão, amigo, religioso, sacerdote e bispo dom Silvério Jarbas Paulo de Albuquerque, com certeza, repetiu as palavras de São Paulo: Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Já nada me resta senão receber a coroa de justiça que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (2 Tim 4,7-8).

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