sexta-feira, 7 de março de 2014

Os erros das homenagens no Dia Internacional da Mulher


Maura Sérgia*

      Eu até pretendia escrever alguma coisa sobre o tema. Mas, como disse em anos anteriores, basta copiar os artigos passados, pois nada mudou com relação a data que é apenas mais uma data comercial, assim como o Dia das Mães e tantas outras. Ouvimos mensagens melosas, grandes elogios, exaltação das conquistas do sexo frágil ao longo dos anos, desde que um grupo de mulheres se rebelou e começou a luta pela igualdade social, política etc e tal... Mas, lendo o texto da jornalista Giovanna Tavares (iG São Paulo), publicado no delas.ig.com.br, decidi compartilhar com a meia dúzia de leitores do Espaço Livre e do Cristovamaguiar.com.br.

“A história se repete todo ano. No Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, a oferta de bombons, rosas vermelhas, perfumes e outros presentes considerados “femininos” aumenta consideravelmente. Porém, mais do que uma data comercial, o Dia Internacional da Mulher nasceu como um protesto contra a opressão feminina, proposto em 1910 por Clara Zétkin e Rosa de Luxemburgo, na 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague.

 “A data representa a luta das mulheres por igualdade social, política e no mercado de trabalho, mas acabou sendo comercializada e banalizada. Muitas vezes, as propagandas veiculadas nesse dia acabam sendo extremamente depreciativas e abafam a discussão da desigualdade de gêneros”, atenta Lourdes Bandeira, socióloga da Universidade de Brasília e Secretária-Executiva da Secretaria de Política para as Mulheres.


Gentileza ou machismo?

A linha que separa o que é gentil do que é machista nas homenagens no Dia Internacional da Mulher se torna tênue à medida em que muitas das mensagens e presentes direcionados às mulheres acabam reforçando estereótipos ou comemorando uma situação de igualdade e empoderamento que, na realidade, ainda não existe por completo.

“A gentileza, a delicadeza e a generosidade podem acontecer a qualquer momento, não necessariamente dia 8 de março e não só para as mulheres, mas isso não pode tomar o lugar da discussão de que ainda temos muitas reivindicações pela frente. Não são atos negativos, exceto quando nos discriminam e reforçam um padrão único de mulher”, completa Lourdes Bandeira.

Exemplos de discriminação e sugestões de presentes que passam longe da gentileza são, por exemplo, as homenagens que tentam enaltecer qualidades tidas como obrigatoriamente femininas: delicadeza, esmero, beleza, fragilidade, vaidade, entre outras, que acabam padronizando as mulheres dentro de um ideal que precisa ser quebrado.

“Mesmo sem maldade, a pessoa pode acabar contribuindo para esvaziar o sentido da data. É importante retomar a importância da luta pelos nossos direitos, justamente para conscientizar as pessoas de que ela não existe para dar flores e presentes, nem para homenagear a beleza e a feminilidade”, acredita Aline Valek, escritora e feminista.


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