segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Central de Regulação: a fila da morte


Os complexos reguladores assistenciais foram criados com objetivo de dar resolutividade, fluidez, otimizar a oferta de atendimento na rede pública, através  da regulação das urgências, consultas,  exames e internações. 
No desenho, a boa ideia oferece a lógica de colocar a disponibilidade da vaga, ou do procedimento, diante de quem precisa. Há, entretanto, uma distância, frequentemente fatal, entre a busca e o atendimento.
Acontece que a Central de Regulação seria eficiente se houvesse a disponibilidade da rede de atender a demanda. Mas não há. Quem vivencia a Saúde sabe dos longos períodos entre um pedido de transferência- e se foi pedido é porque ali já não há condições de oferecer o tratamento necessário- e sua realização. Não adianta argumentar que a Central fez um número x de regulações. O que interessa é o que ela não faz e o tempo que demorou para fazer. Não há, entretanto, nem transparência, nem dados, sobre a atuação das Centrais, qual tempo médio com que cada  pedido é atendido, qual número de óbitos entre o cadastramento e sua concretização, É uma caixa preta.
A Central de Regulação serve, também, para que todos se esquivem da responsabilidade, afinal, Centra lde Regulação é uma entidade sobre a qual não se imputa responsabilidade. Não é pouco comum ouvir nos hospitais os familiares querendo informações e a resposta é sempre a mesma: está na regulação. 
            Acontece que a Rede SUS perdeu 25.000 leitos em 5 anos, o que não se justifica apenas pelo fechamento dos Hospitais Psiquiatricos, assim a busca de leito para um procedimento tornou-se uma roleta russa. Além disto, 2 milhões de pessoas perderam o plano de Saúde e sobrecarregaram ainda mais a rede pública. 
            Os pacientes constituem, em verdade, uma imensidão de refugiados tentando atravessar o mar da burocracia e encontrar o internamento ou procedimento que precisa, enquanto as autoridades constroem os discursos de atenção a Saúde e nós ficamos a presenciar as mortes na fila de espera.

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