segunda-feira, 29 de julho de 2019

Os hackers, o escândalo da segurança nacional, e o estranho caminho das mensagens


César Oliveira
A prisão dos hackers que invadiram os celulares de procuradores da lava-Jato e do Ministro Sérgio Moro é um escândalo muito maior do que o pensado anteriormente. Quase mil autoridades tiveram seus celulares clonados ou invadidos expondo-se a chantagem, repasse de informações privilegiadas, vazamento de informações que podiam complicar ações de instituições do poder. É uma inacreditável falha de segurança, que vai muito além do debate sobre as ações para invalidar as provas contra Lula e anular o julgamento já que não é possível desacreditar as provas.
Especialistas afirmam  em entrevistas que dificilmente hackers de baixo perfil, como os  que foram presos, conseguiriam invadir quase 1000 celulares como fizeram. O método era trabalhoso, o tempo exigido muito grande, portanto, a situação ainda precisa de esclarecimentos. Por outro lado, um dos hackers disse que suas rendas vinham de aplicações financeiras, mas que ele não sabia de onde veio o dinheiro para as aplicações financeiras, havendo, portanto, muito a ser explicado.

A revelação da participação da ex-candidata a vice- presidente Manoela D”Ávila foi outra surpresa, por ela ter sido a intermediária do contato entre o hacker e o jornalista Greenwald, do Intercept.
Um dos hackers disse que obteve os telefones das autoridades a partir do grampo de outros telefones, mas estranhamente ele precisou pedir a Manuela D’Ávila o telefone de Greenwald, para entrega das gravações.
Também, ainda não sabemos se houve pagamento pelos dados obtidos, visto que o perfil de estelionatários do grupo, não sugere nenhuma ação movida pelo patriotismo.
Além disso, ainda falta esclarecer se o Intercept informou aos seus parceiros- Folha, Veja-, que o produto era proveniente de furto, ou se não sabiam.
Então, há ainda muitos pontos nebulosos. Só as investigações e a quebra do sigilo fiscal e telefônico dos acusados poderão permitir esclarecer todas as questões referentes a esse crime- é bom deixar claro que é um crime-, e estabelecer severas punições, inclusive aos jornalistas se estiverem envolvidos em encomendas ou pagamentos.
As mensagens apresentadas até agora não produziram nenhuma prova que absolva os condenados pela Lava-Jato e não revelaram ilegalidades, embora muitos desaprovem o excesso de interlocução de Moro com os Procuradores.
É preciso ver se a montanha irá parir algo mais que um rato, o tamanho da culpa dos ratos, e que medidas o governo tomará para proteção de seus dados ridicularmente vazados por uns hackers amadores e mequetrefes.
São muitas questões ainda não esclarecidas e que só o tempo nos dará a verdade. Aguardemos.

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