sexta-feira, 27 de abril de 2012

Isto também passará


          Nos últimos dias eu tenho enfrentado um problema de saúde que comprometeu a minha visão. Estou medicado e sendo tratado, mas, não posso ler nem escrever, Maura tem feito isso por mim. Esses dias de inatividade permitiram-me  fazer algumas reflexões sobre a minha vida de um modo geral. Curiosamente, vendo menos tenho percebido mais coisas do que normalmente perceberia.

         Sobre mim mesmo percebi claramente quantos erros cometi no passado que me levaram até o momento em que me encontro agora. Se tivesse feito escolhas mais acertadas, despido de vaidade, arrogância e impaciência, teria com certeza obtido resultados melhores. Porém, não estou me queixando da minha vida que vivi intensamente e do modo que quis.

         Quanto às demais pessoas, parentes, amigos e colegas tenho percebido coisas até mesmo engraçadas. Por exemplo: A partir do momento em que fiquei doente algumas pessoas da minha família resolveram que deveriam assumir o controle da minha vida, como se eu não fosse mais capaz de decidir por mim mesmo o que é melhor para mim. Eu as entendo, pois gostam de mim e só querem ajudar, mas, em nenhum momento me perguntaram se ou que tipo de ajuda eu desejava.

         E assim caminha a humanidade, todo mundo quer ajudar, mas, não pergunta se o alvo da sua compaixão quer ser ajudado e que tipo de ajuda quer. Essas reflexões eu tenho feito com a minha família, sempre que possível. Na sexta-feira passada, por exemplo, quando refletíamos sobre o Evangelho de Jesus Cristo, dizia eu que não devemos culpar a ninguém por nada que nos aconteça, porque tudo que nos acontece é resultado das escolhas que fazemos. Esse é o "Livre arbítrio", o Dom que Deus nos deu.

         Tudo na minha vida, tudo que sou ou deixei de ser, tudo que tenho ou deixei de ter, tudo que não alcancei, foi por única e exclusiva responsabilidade minha, pois sempre decidi por mim mesmo o que queria fazer da minha vida. Conselhos eu pedi a pessoas nas quais confio. Ouvi atentamente cada palavra, mas, a decisão final sempre foi minha. Por isso digo: Ninguém se sinta culpado por nada que venha a acontecer comigo, porque desde pequeno sempre fiz o que queria. Além disso, aprendi a enfrentar os bons e os maus momentos com serenidade, na certeza de que como tudo nada vida, eles também passam.

         "No ritual de coração de um papa é queimado um feixe de palhas, com a advertência: assim passa a glória do mundo. Passam os Impérios, passa a beleza física, a saúde, a doença, passa a primavera, passa o riso, passam as lágrimas, passam o sucesso e a derrota, passa a glória... Passam os bons e os maus momentos. A certeza dessa lógica ajuda a enfrentar os maus momentos, porque estes passam. E ajuda a evitar a euforia, porque os bons momentos também passam." (Dom Itamar Vian in "A arte de escolher").
         Certíssimo o nosso arcebispo. Eu não sou doente. Eu estou doente. Mas, isso também passará!

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu sincero desejo de melhora.


Alex