domingo, 15 de abril de 2012

Uma batalha entre homens e mulheres

Por Isabel Clemente
Já fez o exercício de ouvir as partes de um casal, em separado, reclamando do mesmo assunto? É engraçado (claro, quando é com o outro) e diz muito sobre nós mesmos. Certa vez, uma amiga reclamava que o marido estava indo jogar futebol, uma vez por semana!, enquanto ela ficava em casa, com o recém-nascido e o filho mais velho do casal. Com vontade de matar o marido, ela realmente se sentia magoada, incompreendida e injustiçada. Depois, foi a vez dele. “Eu participo, cuido, boto pra arrotar, dormir, levo para mamar. Mas realmente não gosto de trocar fralda, nunca gostei, mas ajudo muito, participo, faço as compras, providencio tudo, e ela sempre acha pouco”. Tentei contemporizar, lembrando à minha amiga – também em separado – que o cara ainda trabalha e que, infelizmente, para prejuízo das famílias brasileiras, a licença-paternidade é ridícula. Sobra para a mulher ficar em casa mais tempo e dar conta de certas coisas. Ainda mais nessa fase grude, em que o bebê gruda nos nossos seios, mamando, precisando do corpo que o abrigou por nove meses. É uma fase normal, necessária e deliciosa até, ouso dizer. E passa, como tudo na vida, passa.

Tá bom, tá bom, eu também achava que meu marido devia fazer mais quando a primeira filha era um tiquinho de gente (hoje ela é um ticão). Cobrava, queria que ele dormisse mais cedo também para se poupar em vez de assistir ao futebol na televisão. Que raio ele tinha que ver todo jogo na quarta-feira à noite, e por que diacho arrumaram de ter jogo toda quarta-feira à noite durante a minha licença-maternidade? 

Olhando para trás, eu me pergunto por que eu tinha que exigir dele uma rotina exatamente igual à minha. Eu tinha parido, eu estava mais cansada, eu queria ter leite para amamentá-la e precisava me poupar. E ele sempre foi ótimo, paizão, que levantava da cama sem reclamar, dava banho, trocava fralda, botava para arrotar, mas algo muito forte dentro de mim me fazia olhar aquilo tudo e achar que ainda era pouco porque…por que mesmo eu achava aquilo pouco? Gente…não sei!!! Juro que não sei. Era mais forte do que eu.

A conclusão mais rasa possível é que somos diferentes mesmo, homens e mulheres se completam pelas diferenças, pelas especificidades e, pensando bem, tornam tudo muito engraçado. Mas juntos, ah juntos e apaixonados ficam tão melhores…

O vídeo abaixo não é novo. Foi lançado na Argentina, no verão, uma propaganda da cerveja Quilmes. Mas é absolutamente genial por mostrar exatamente isso, o lado cômico das nossas interpretações sobre manias e preferências de um e de outro. Caso você ainda não tenha assistido por aí, divirta-se e diga depois o que achou. Encontrei uma versão com legendas em português (com alguns problemas graves, tipo machismo com X – ops-, mas valeu a intenção de quem fez. Ajuda a quem não compreende espanhol)
 * Isabel Clemente é editora de ÉPOCA no Rio de Janeiro.

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