quinta-feira, 5 de abril de 2012

Já vi este filme

 Uma manifestação organizada no final do mês passado pela Associação Municipal dos Estudantes, Mov. Levante, MLB e outros setores, contra o aumento da passagem de ônibus, saindo da praça do Gastão Guimarães, percorreu as principais ruas e avenidas da cidade.
Ao chegar em frente à Prefeitura, segundo os organizadores,  pessoas estranhas ao movimento reivindicatório, atiraram pedras e tomates no Paço Municipal.
“Acreditamos que tais atitudes foram articuladas por aqueles que querem tirar o foco da discussão do aumento da passagem e tentar criminalizar os movimentos sociais. Desafiamos que provem as acusações contra o movimento e seus militantes. Desafiamos a prefeitura a tornar públicas as filmagens”, disse um dos líderes do movimento.
Depois a manifestação seguiu para o Terminal Central, onde a polícia, agindo sobre as ordens do major Amon, reprimiu violentamente a manifestação com a tropa de choque, cavalaria, pelotão Asa Branca, Tático Móvel, uma verdadeira operação de guerra.O major teria se negado a negociar ou sequer ouvir os manifestantes, e ainda teria afirmado ser um saudosista da ditadura militar. Prendeu ainda oito pessoas que estavam na manifestação, entre eles, dirigentes de entidades e dos movimentos sociais.
“Temos a consciência tranquila, quem não deve não teme. Não cometemos nenhuma ação ilegal, não usamos armas para obrigar ninguém a descer dos ônibus, não atravessamos veículos na pista, não incentivamos arrastões ou assassinatos”, declarou um dos líderes do movimento, numa clara alusão aos eventos ocorridos recentemente quando da greve da PM.
Já vi esse filme. Era comum nos tempos da ditadura elementos se infiltrar em manifestações pacíficas para provocar tumultos, jogando a opinião pública contra os manifestantes. São práticas velhas, desgastadas, que só engana a alguns poucos incautos ou coniventes. A maioria dos políticos sabe disse, o próprio prefeito sabe, pois já foi estudante e teve formação política nas manifestações populares contra a ditadura.
O major Amon cumpriu apenas o seu papel de soldado, uma categoria que não ouve a própria consciência e apenas obedece a ordens. Não se pode esperar dele mais que isso. Mas, eu desconfio de gente do povo que se posiciona contra as manifestações populares. Me dá a impressão de que são coniventes com o estado de coisas por alguma razão obscura.
Queiram ou não, bem ou mal, estamos (ainda) numa democracia, regime no qual todo cidadão é livre para manifestar opiniões. Como disse Voltaire: “Posso até não concordar com a sua opinião, mas defenderei com a minha própria vida o seu direito de expressá-la”.
E só pra lembrar: Lutar não é crime, a liberdade de expressão (ainda) nos é garantida pela Constituição Federal.

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