quinta-feira, 4 de abril de 2013

Santas Casas e Hospitais Beneficentes podem fechar as portas


Na próxima segunda-feira (08), as Santas Casas, hospitais e entidades beneficentes farão em todo o País um Ato de Mobilização Nacional para alertar a sociedade sobre o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), com ênfase na realidade da crise das Santas Casas e Hospitais Beneficentes. O Ato prevê bloquear todo o agendamento eletivo nesta data, como ação de protesto e sensibilização pública. A manutenção da assistência nas urgências e emergências é primordial para  impedir  a desassistência generalizada da população.
A pauta de reivindicações do movimento é o reajuste de 100% para os procedimentos de média e baixa complexidade da Tabela SUS. Este movimento é legítimo e espera mobilizar a opinião pública para que a defasagem da tabela de procedimentos do SUS que impõe um déficit de R$ 5 bilhões por ano às instituições, responsável por uma dívida total de cerca de R$ 12 bilhões, seja revista com urgência.
O cumprimento do papel social pelas Santas Casas e hospitais filantrópicos está cada vez mais difícil. A maioria dos seus hospitais utiliza mais de 90% da capacidade no atendimento gratuito, embora a legislação exija apenas 60%. Hoje, algumas já fecharam as portas e muitas estão diminuindo o número de atendimentos para o SUS como forma de atenuar o déficit operacional. Quando um hospital deixa de atender um paciente do SUS, não o faz porque não é vantajoso, mas porque não é possível.
Os filantrópicos permitiram a criação do SUS, uma das maiores conquistas sociais do Brasil, já que o Estado não dispunha à época, e não dispõe hoje, de uma estrutura capaz de suportar a universalização da assistência. Para vencer esse obstáculo a administração pública estabeleceu um acordo com a rede beneficente, que colocou seus hospitais à disposição do projeto. Essa parceria público-privada é a espinha dorsal do SUS e o colapso das Santas Casas e Hospitais Beneficentes coloca em risco todo o funcionamento do sistema.
Na Bahia, as entidades filantrópicas lideram o ranking da assistência hospitalar em muitas especialidades no atendimento ao SUS, realizando  95,6% das cirurgias oncológicas; 78,5% das cirurgias da visão, 83,1% das internações para tratamento oncológico. Em muitas cidades do interior, a assistência hospitalar para os pacientes do SUS é feita exclusivamente pelos filantrópicos.

Feira de Santana
“Diante de tamanha importância, condição que o  Ministério da Saúde sempre destaca, a Santa Casa de Misericordia de Feira de Santana tem que seguir o movimento nacional pelo reconhecimento real desse trabalho, que exige remuneração digna pelo serviço prestado à  população assistida pelo SUS”, diz o provedor, Dr. Outran Borges. Para ele, Não  se pode negar que a PEC 29 trouxe avanços para o setor, como a determinação do que, de fato, é gasto em saúde. Mas, da forma como o texto foi aprovado, a área está deixando de receber cerca de R$ 35 bilhões. Dinheiro que, sem dúvida, deveria estar sendo empregado no atendimento à população no Sistema Único de Saúde (SUS).
O centro do problema é a defasagem da tabela de procedimentos do SUS. Esse documento determina quanto o Governo deve pagar por cada intervenção realizada nos pacientes da rede pública. No geral, o déficit é de 40%, ou seja, para cada R$ 100  gastos os hospitais recebem R$ 60. E isso ocorre há anos, minando aos poucos a sobrevivência dos filantrópicos.
Há interesse das entidades em estabelecer canal efetivo de diálogo para alcançar as soluções esperadas pelos milhões de usuários do SUS.
Finalmente, diante desse quadro de desequilíbrio,  a Federação Nacional das Santas Casas de Misericórdia, solicita a compreensão de todos brasileiros nesta luta, cujo êxito trará ganhos significativos para toda a sociedade.
         No Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), por ser o único hospital filantrópico da cidade, apenas o ambulatório será paralisado, em solidariedade ao movimento nacional.


Números importantes e curiosos da Saúde na Bahia

 O setor filantrópico de saúde na Bahia gera mais de 40 mil empregos diretos.

Na Bahia em 2011, 95,63% das cirurgias Oncológicas foram realizadas pelos Filantrópicos.

Os Filantrópicos realizam 45,90% dos transplantes de órgãos, tecidos, e células.

O Setor filantrópico realiza 46,8 % de cirurgias de mama na Bahia.

Os Filantrópicos realizam hoje 45,2% das cirurgias do Aparelho Circulatório.

A Santa Casa de Itabuna é o maior complexo filantrópico do Norte-Nordeste numa cidade do interior.

Em 2011, no Estado, 79% das cirurgias de visão foram realizadas pelos filantrópicos.



Dados do Brasil

42 % dos transplantes realizados no Brasil, em 2011, foram feitos nas Santas Casas e Hospitais Beneficentes.

79% dos transplantes de pâncreas foram realizados nas Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, assim como 54% dos transplantes de pulmão e 59% dos transplantes de rins.

Em 2010, a Santas Casas realizaram 85 milhões de procedimentos, isto representa 9% do total, consumindo 30% dos gastos. E os procedimentos mais complexos estavam inseridos neste montante. Só no Estado de São Paulo, em 2010, foram dois milhões e quinhentas mil internações, sendo 50% realizado em Santas Casas e Hospitais Beneficentes.

Dos 645 municípios do Estado de São Paulo, em 212 só existe uma Santa Casas ou hospital beneficentes respondendo pelo atendimento de toda a população.

O SUS paga por um atendimento de urgência com observação de 24 horas e atenção especializada R$ 12,47. Uma consulta médica com observação de 24 horas é paga por R$ 12,47. Uma consulta médica de pronto atendimento o SUS paga R$ 11,00. Um eletrocardiograma custa pelo SUS R$ 5,15. Um exame de Urina tipo 1 sai por R$ 3,70 no SUS. Uma dosagem de Creatinina custa no SUS R$ 1,85.

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