Estima-se que mais de 150 mil procedimentos eletivos
deixaram de ser realizados no País pelo setor filantrópico de saúde, na
segunda-feira (08), para os usuários do SUS, sendo cerca de 10 mil na Bahia. A
suspensão da agenda foi uma maneira de chamar a atenção do governo federal, em
especial da equipe econômica, para a crise que atinge o setor filantrópico e
tem como principal causa o subfinanciamento do SUS. Para cada R$1,00 gasto, o
governo paga R$ 0,50. Isso empurra as entidades para os empréstimos em bancos,
uma das saídas para a sobrevivência. Muitas entidades já foram obrigadas a
fechar as portas por conta da longa crise e outras estão prestes a fazer o
mesmo.
O débito do setor filantrópico no País já ultrapassa R$13
bilhões. Vai crescendo ano após ano. Por isso, nesta segunda-feira, um dia após
o Dia Mundial da Saúde, o movimento nacional. “Tabela SUS – Reajuste Já”, planejado
pela Frente Parlamentar em Defesa das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos,
em parceria com as federações estaduais ganhou o País. A adesão nacional foi de
mais de 1,6 mil hospitais, de um total de 2,1 mil instituições. Na Bahia, o
movimento atingiu 54 hospitais, sendo 16 da capital e o restante
do interior, uma adesão de mais de 95%, segundo
o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e
Entidades Filantrópicas do Estado da Bahia, Mauricio Dias.
NO MARTAGÃO GESTEIRA
Em Salvador, a FESFBA reuniu logo
cedo os associados no Hospital Martagão Gesteira, 100% SUS, com atendimento
essencialmente pediátrico, portanto, um dos mais atingidos pela crise. Em
entrevista coletiva à imprensa do presidente da FESFBA e do presidente da presidente
da Confederação Internacional das Misericórdias e da Frente Parlamentar que
defende o setor na Câmara Federal, Antonio Brito (PTB-BA), foi analisada a
crise e também, a construção do movimento de hoje, que começou ano passado na
Bahia com a reunião das 30 maiores Santas Casas do País. O movimento seguiu com
o encontro em Votuporanga (interior de São Paulo) contando com a presença do
presidente da FESFBA, Mauricio Dias e da Federação do Rio Grande do Sul. Julio
Dornelles, que lá, defenderam a ampliação do movimento para uma dimensão
nacional, o que ocorreu culminando com esta paralisação.
O deputado disse que o endividamento
é nacional, sendo causado pelo subfinanciamento do SUS. Ressaltou que a
situação na capital baiana possui mais um agravante. “Assim como o Martagão Gesteira,
os hospitais locais estão sendo heróicos. Além da crise do reajuste que atinge
todo o Brasil, existe o atraso no repasse de milhões em Salvador. O passivo
está muito grande”, alertou.
Maurício Dias concordou com o
deputado, afirmando: “A dívida é nacional, o subfinanciamento é nacional, mas o
nosso perfil é de mais endividamento do que o Sudeste. Nós estamos respondendo
por isso, mas é importante lembrar que essa dívida é do SUS. Este
subfinanciamento da saúde, pagando metade do que realmente deveria, foi o que
gerou essa dívida”, destacou
Dias lembrou que o setor
filantrópico é o principal responsável por tratamentos de oncologia no estado
(83%), cirurgias do aparelho da visão (78%), cirurgias de mama (46%) e
cirurgias do aparelho circulatório (45%), além de liderar mais oito
especialidades.
UNANIMIDADE
No encontro dos associados da FESFBA
na capital, todos os participantes foram unânimes em destacar a crise que
enfrentam por conta do subfinanciamento. O superintendente do Hospital Martagão
Gesteira, Carlos Emanuel de Melo disse: “somos um exemplo científico do impacto
negativo do SUS. Alongamos a dívida e surfamos na onda da redução de juros.
Vamos encosta r no teto de nosso endividamento ao final de 2013.
A presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade
Infantil (entidade mantenedora do Martagão), Rosina Carvalho, também ressaltou
a dificuldade da instituição. “Estamos sendo penalizados por atender esta
população carente. Ano passado renovamos um empréstimo de R$ 10 milhões, que é
nossa capacidade de financiamento, e mesmo assim estamos devendo fornecedor, e
perdendo funcionários por conta dos baixos salários”
O diretor de expansão do Hospital
São Rafael,Sidney Batista Neves disse que “ fechamos de 2012 para 2013, com
R$22 milhões em aberto”.Os contratos não
sofrem reajuste. Como falar em expansão? perguntou. O representante do Hospital
Sagrada Família, Adelir Detofol, disse que chegaremos ao ponto de não poder
mais atender, porque no caso de Obstetrícia, o que o SUS paga cobre apenas 30%
do custo.
Fonte: http://www.fesfba.org.br/
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