terça-feira, 9 de abril de 2013

Setor filantrópico mostra força e união com movimento “Tabela SUS – Reajuste já”



            Estima-se que mais de 150 mil procedimentos eletivos deixaram de ser realizados no País pelo setor filantrópico de saúde, na segunda-feira (08), para os usuários do SUS, sendo cerca de 10 mil na Bahia. A suspensão da agenda foi uma maneira de chamar a atenção do governo federal, em especial da equipe econômica, para a crise que atinge o setor filantrópico e tem como principal causa o subfinanciamento do SUS. Para cada R$1,00 gasto, o governo paga R$ 0,50. Isso empurra as entidades para os empréstimos em bancos, uma das saídas para a sobrevivência. Muitas entidades já foram obrigadas a fechar as portas por conta da longa crise e outras estão prestes a fazer o mesmo.
            O débito do setor filantrópico no País já ultrapassa R$13 bilhões. Vai crescendo ano após ano. Por isso, nesta segunda-feira, um dia após o Dia Mundial da Saúde, o movimento nacional. “Tabela SUS – Reajuste Já”, planejado pela Frente Parlamentar em Defesa das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, em parceria com as federações estaduais ganhou o País. A adesão nacional foi de mais de 1,6 mil hospitais, de um total de 2,1 mil instituições. Na Bahia, o movimento  atingiu  54 hospitais, sendo 16 da capital e o restante do interior, uma adesão de  mais de 95%, segundo o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado da Bahia, Mauricio Dias.

NO MARTAGÃO GESTEIRA

            Em Salvador, a FESFBA reuniu logo cedo os associados no Hospital Martagão Gesteira, 100% SUS, com atendimento essencialmente pediátrico, portanto, um dos mais atingidos pela crise. Em entrevista coletiva à imprensa do presidente da FESFBA e do presidente da presidente da Confederação Internacional das Misericórdias e da Frente Parlamentar que defende o setor na Câmara Federal, Antonio Brito (PTB-BA), foi analisada a crise e também, a construção do movimento de hoje, que começou ano passado na Bahia com a reunião das 30 maiores Santas Casas do País. O movimento seguiu com o encontro em Votuporanga (interior de São Paulo) contando com a presença do presidente da FESFBA, Mauricio Dias e da Federação do Rio Grande do Sul. Julio Dornelles, que lá, defenderam a ampliação do movimento para uma dimensão nacional, o que ocorreu culminando com esta paralisação.
            O deputado disse que o endividamento é nacional, sendo causado pelo subfinanciamento do SUS. Ressaltou que a situação na capital baiana possui mais um agravante. “Assim como o Martagão Gesteira, os hospitais locais estão sendo heróicos. Além da crise do reajuste que atinge todo o Brasil, existe o atraso no repasse de milhões em Salvador. O passivo está muito grande”, alertou.
            Maurício Dias concordou com o deputado, afirmando: “A dívida é nacional, o subfinanciamento é nacional, mas o nosso perfil é de mais endividamento do que o Sudeste. Nós estamos respondendo por isso, mas é importante lembrar que essa dívida é do SUS. Este subfinanciamento da saúde, pagando metade do que realmente deveria, foi o que gerou essa dívida”, destacou
            Dias lembrou que o setor filantrópico é o principal responsável por tratamentos de oncologia no estado (83%), cirurgias do aparelho da visão (78%), cirurgias de mama (46%) e cirurgias do aparelho circulatório (45%), além de liderar mais oito especialidades.

UNANIMIDADE
            No encontro dos associados da FESFBA na capital, todos os participantes foram unânimes em destacar a crise que enfrentam por conta do subfinanciamento. O superintendente do Hospital Martagão Gesteira, Carlos Emanuel de Melo disse: “somos um exemplo científico do impacto negativo do SUS. Alongamos a dívida e surfamos na onda da redução de juros. Vamos encosta r no teto de nosso endividamento ao final de 2013.
            A presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil (entidade mantenedora do Martagão), Rosina Carvalho, também ressaltou a dificuldade da instituição. “Estamos sendo penalizados por atender esta população carente. Ano passado renovamos um empréstimo de R$ 10 milhões, que é nossa capacidade de financiamento, e mesmo assim estamos devendo fornecedor, e perdendo funcionários por conta dos baixos salários”
            O diretor de expansão do Hospital São Rafael,Sidney Batista Neves disse que “ fechamos de 2012 para 2013, com R$22 milhões em aberto”.Os contratos  não sofrem reajuste. Como falar em expansão? perguntou. O representante do Hospital Sagrada Família, Adelir Detofol, disse que chegaremos ao ponto de não poder mais atender, porque no caso de Obstetrícia, o que o SUS paga cobre apenas 30% do custo.


Fonte: http://www.fesfba.org.br/
 

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