quinta-feira, 20 de junho de 2013

Muito além dos centavos



           As vaias que a presidente Dilma recebeu na abertura da Copa das Confederações vieram das classes média e alta, e não dos seus eleitores das camadas mais baixas da sociedade, porque Copa das Confederações e Copa do Mundo, assim como Olimpíadas, são mega eventos feitos para quem tem dinheiro e não para quem vive de bolsa esmola.
            As camadas da sociedade formadas pelas classes média e média alta estão tensas com a pressão da sobrevivência, do cotidiano, as pessoas estão a beira de um ataque de nervos. Aquelas vaias foram um reflexo do que agora se vê nas ruas. Foi lançada na fagulha que está dando início a um incêndio.
            Como era de se esperar os governadores endureceram o discurso e lançaram tropas de choque para intimidar pacíficos estudantes e trabalhadores que exerciam o direito constitucional de livre expressão para protestar contra um aumento de tarifa no transporte público de São Paulo. A repressão, feita nos melhores moldes da ditadura militar, foi um tiro pela culatra. Indignada, a sociedade reagiu e foi para as ruas engrossar as fileiras de estudantes e reivindicar muito mais do que redução de tarifas.
            Apanhada no contrapé, com os olhos do mundo voltados para o País por conta da Copa das Confederações, a presidente assimilou o golpe e amaciou o discurso, dizendo que “as manifestações pacíficas serão toleradas”. Assim, levou consigo os governadores que por todo o país já percebiam o céu a desabar sobre suas cabeças, induzindo-os a mudar de tática.
Em São Paulo o governador anunciou que a tarifa voltará aos R$ 3,00 na segunda-feira (24). No Rio de Janeiro, onde a passagem havia aumentado de R$ 2,75 para R$ 2,95, também voltará ao valor anterior.
E assim foi se sucedendo em todas as capitais e grandes cidades do país, com os prefeitos e governadores revogando aumentos em alguns centavos para acalmar os manifestantes.
O prefeito do Rio alegou que para reduzir a tarifa do transporte coletivo, cerca de R$ 200 milhões\ano deixarão de ser aplicados em outras áreas como Saúde, Educação, etc. Pois que seja, já não temos nada disso mesmo. Pelo menos no ônibus ou no trem o dinheiro é desembolsado por um serviço que utilizamos imediatamente, e não temos que ficar esperando que retorne em obras e serviços que nunca chegam, pois o dinheiro que pagamos em impostos para este fim, em grande parte se perde na corrupção e no roubo dos políticos.
Mas eu creio que os governantes não vão ter a resposta que esperam da população. O clamor popular que se levantou já está muito além de alguns centavos. O povo, de quem se diz que todo poder emana e em seu nome deve ser exercido, quer mudanças muito mais profundas do que uma simples redução de tarifas no transporte.
Duvido muito que se tenha chegado até aqui para recuar por tão pouco. Aguardemos pois.

Nenhum comentário: