sexta-feira, 15 de julho de 2016

O que atos terroristas e violência doméstica têm em comum?

Desejo de controle, instabilidade psicológica e sede de violência: dá para descrever um terrorista com essas palavras. Mas, se a gente parar para pensar, essas são as mesmas características de um outro tipo de criminoso: o marido violento. Nos Estados Unidos, é comum os dois sejam a mesma pessoa. 
É o caso de  Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, o principal suspeito de ter atropelado dezenas de pessoas durante as comemorações do Dia da Bastilha, em Nice, na França. Em 2012, a esposa o denunciou por agressão física, o que rendeu uma ordem restritiva que o proibia de chegar perto da mulher. Omar Mateen, o atirador que matou 49 pessoas em uma boate em Orlando, teve um passado parecido: logo depois do ataque, sua ex-esposa, Sitora Yusufiy, deu uma entrevista ao New York Times, revelando a violência doméstica que sofreu nos poucos meses de casamento. Segundo ela, Mateen a espancava constantemente - às vezes enquanto ela dormia -, confiscava seu salário e proibia que ela entrasse em contato com a própria família. "Ele ficava bravo e se tornava violento do nada", diz Sitora, no vídeo. 
Em inglês, a violência doméstica é considerada uma forma de terrorismo: ela é chamada também de "intimate partner terrorism" (IPV), ou "terrorismo de parceiros íntimos", em português. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o IPV pode ser definido como "qualquer comportamento de controle em uma relação íntima que envolva abuso físico, psicológico ou sexual para os envolvidos nessa relação". O tipo de terrorismo que Mateen cometeu, por sua vez, é descrito pela Constituição dos EUA como "atos violentos ou perigosos à vida humana", que "intimidem ou coajam a população ou o governo". 
Do mesmo jeito que o terrorista, "o parceiro abusador tem um padrão de tentar controle a vítima" (segundo a OMS), e tenta perpetuar esse controle usando a violência - seja ela física, sexual ou moral. O abuso doméstico, assim como os grandes assassinatos em massa, são uma forma de manter o status quo; um grito de quem está tentando tomar ou retomar o controle. Click aqui e leia mais em Super Interessante, 


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