terça-feira, 27 de março de 2012

Moralidade Demagoga


 A deputada Luíza Maia quer aparecer como defensora da moral e dos bons costumes e está empenhada em votar o Projeto de Lei Antibaixaria, de sua autoria, na Assembléia Legislativa. Uma iniciativa louvável, mas um projeto cheio de equívocos. Aliás, a deputada é mesmo equivocada. Fui informado de que ela proibiu tocar a música Geni, de autoria de Chico Buarque de Holanda, nas emissoras de rádio de Camaçari, município do qual o seu marido, Luiz Caetano, é prefeito.
Segundo ela “a música é ofensiva às mulheres”. O que a deputada não sabe é que a música é parte da Ópera do Malandro, e fala de um travesti chamado Geni, que é hostilizado pela população que, quando se vê ameaçada, e sabendo que só Gení poderia salvar a cidade, pede e implora para que ela resolva o problema. “O prefeito de joelhos, o bispo de olhos vermelhos e o banqueiro com um milhão”, todos rogam e imploram a Geni. Mas, após ela, com muito sacrifício, salvar a cidade, todos voltam a jogar “pedra e bosta na Geni”.  A isso se chama demagogia e ingratidão.
A deputada embarcou na onda do “Politicamente Correto” espera, talvez, auferir alguns dividendos eleitoreiros com isto. Mas, como disse Danilo Gentilli, “os politicamente corretos acham que são como o Superman, o cara dotado de dons superiores, que vai defender os fracos, oprimidos e impotentes. Isso é racismo, pois transmite a idéia de superioridade que essas pessoas sentem de si em relação aos seus defendidos”.
            É absurda essa posição paternalista que os políticos assumem em relação aos cidadãos comuns. De minha parte, não preciso de proteção alguma de político algum. Se eles simplesmente fizessem o trabalho para o qual foram eleitos, e não roubassem o dinheiro que pagamos em impostos, eu já me daria por satisfeito. Da minha vida cuido eu e Deus.
Nunca me ofendi com apelidos (nenhum pegou em mim) e aceito sem traumas as brincadeiras que os amigos fazem comigo. Faz parte da convivência sadia e descomplicada entre seres da mesma espécie. Ofender-se é passar recibo, e se desejo ser respeitado, antes de qualquer coisa tenho que respeitar os meus semelhantes e reconhecer os seus direitos tanto quanto reconheço os meus deveres.
Não deputada, música alguma ofende ninguém, a partir do momento que se trata apenas de uma obra de ficção cujas palavras e conceitos não nos atinge. Se alguém se sente ofendido por ser chamado de negro, bicha ou loura burra é porque assume a carapuça de uma forma totalmente equivocada.
Quem é negro é negro, quem é branco é branco, como são vermelhos os vermelhos e amarelos os amarelos. E se uma bicha não quer ser chamada assim então que mude sua orientação sexual. E se uma loura se sente ofendida com piadas de loura burra, então é burra mesmo.

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