quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia Nacional da Poesia

Para quem não sabe, Cristóvam Aguiar também é poeta. Aliás, o seu primeiro livro foi publicado, em 1975, com o título 'Erosponto', pela Edições Cordel, através do grupo Hera. Para marcar o Dia Nacional da Poesia (Cristóvam vai me matar rsrs) vou deixar aqui uma das poesias publicadas no dito livro que ele descreve assim: "Erosponto me pareceu o melhor título para definir a morada da poesia.
Cristóvam Aguiar em 1972
Eros que me perdoe o plágio. Que me perdoem também os leitores por eu ter publicado o que gosto.
Uma seleção de poemas entre todos que escrevi desde 1970 , vem encher as páginas desse pequeno livro e os olhos dos que não se cansam de procurar... C.M."
Vocês devem esta se perguntando o que seriam estas iniciais C.M. Não, não é Cristóvam e Maura (rsrs). Nesta época ainda não nos conhecíamos, pelo menos nesta vida. O C, Cris, o M, Matinhos, este foi o nome que ele usou para assinar o livrinho de 16 páginas. Por que? Só ele para explicar. Vou transcrever aqui um destes poemas:

Cristóvam Aaguiar em 1979
Apocalipse
Quando a terra explodiu
e o sol despedaçou-se em estrelas
nebulosas brilharam na escuridão
da noite aos  olhos incrédulos
dos esclarecidos.
Os obtusos lascavam suas bocas
e seus risos
eram clássicos de Mozart
aos meus ouvidos.

Cristóvam Aguiar optou por escrever artigos e crônicas, que já foram publicadas em dois livros e tem o suficiente para publicar outros tantos. Mas, de vez em quando ele ainda escreve alguma poesia, como esta que escreveu em maio do ano passado.

Cristóvam Aguiar 2011
Um rosto desnudo

Um dia eu vi o teu verdadeiro rosto
Era uma coisa feia, maligna, assustadora.
Mas como todo apaixonado, fiz de conta que não vi
O que realmente vi.
Acreditei no poder do amor para matar aquele monstro.
Acreditei no poder do teu amor, para vencer o mal.
Nosso amor faria coisas incríveis.
Juntos, seríamos invencíveis.
Ledo engano o meu.
Tu tinhas o meu amor, mas eu não tinha o teu.
O rosto maligno prevaleceu
E o bicho feio venceu.
Juntei os cacos do meu coração e parti.
Raiva? Ódio? Desespero? Nada disso senti.
Meu amor se transformou em dó e desprezo.
E até nojo senti de ti.

Bem, se eu sobreviver depois de publicar estas coisas sem ele saber, eu publico outras poesias.

3 comentários:

Cristóvam Aguiar disse...

Eu devia mesmo te matar. Mas deixa pra mais tarde, na cama.

Anônimo disse...

Aproveitando que os dois ainda estão vivos - e que assim permaneçam por um bom tempo, se Deus quiser - deixe-me fazer um registro: eu morro de inveja de quem brinca com as palavras e as transformam em versos com tanta facilidade. Mas isso é tarefa para os poetas, meus amigos...

Cristóvam Aguiar disse...

Só para constar: o comentário acima é da professora letrada e jornalista Madalena de Jesus.