Para quem não sabe, Cristóvam Aguiar também é poeta. Aliás, o seu primeiro livro foi publicado, em 1975, com o título 'Erosponto', pela Edições Cordel, através do grupo Hera. Para marcar o Dia Nacional da Poesia (Cristóvam vai me matar rsrs) vou deixar aqui uma das poesias publicadas no dito livro que ele descreve assim: "Erosponto me pareceu o melhor título para definir a morada da poesia.
Eros que me perdoe o plágio. Que me perdoem também os leitores por eu ter publicado o que gosto.
Cristóvam Aguiar em 1972 |
Uma seleção de poemas entre todos que escrevi desde 1970 , vem encher as páginas desse pequeno livro e os olhos dos que não se cansam de procurar... C.M."
Vocês devem esta se perguntando o que seriam estas iniciais C.M. Não, não é Cristóvam e Maura (rsrs). Nesta época ainda não nos conhecíamos, pelo menos nesta vida. O C, Cris, o M, Matinhos, este foi o nome que ele usou para assinar o livrinho de 16 páginas. Por que? Só ele para explicar. Vou transcrever aqui um destes poemas:
Quando a terra explodiu
e o sol despedaçou-se em estrelas
nebulosas brilharam na escuridão
da noite aos olhos incrédulos
dos esclarecidos.
Os obtusos lascavam suas bocas
e seus risos
eram clássicos de Mozart
aos meus ouvidos.
Cristóvam Aguiar optou por escrever artigos e crônicas, que já foram publicadas em dois livros e tem o suficiente para publicar outros tantos. Mas, de vez em quando ele ainda escreve alguma poesia, como esta que escreveu em maio do ano passado.
Cristóvam Aguiar 2011 |
Um dia eu vi o teu verdadeiro rosto
Era uma coisa feia, maligna, assustadora.
Mas como todo apaixonado, fiz de conta que não vi
O que realmente vi.
Acreditei no poder do amor para matar aquele monstro.
Acreditei no poder do teu amor, para vencer o mal.
Nosso amor faria coisas incríveis.
Juntos, seríamos invencíveis.
Ledo engano o meu.
Tu tinhas o meu amor, mas eu não tinha o teu.
O rosto maligno prevaleceu
E o bicho feio venceu.
Juntei os cacos do meu coração e parti.
Raiva? Ódio? Desespero? Nada disso senti.
Meu amor se transformou em dó e desprezo.
E até nojo senti de ti.
Bem, se eu sobreviver depois de publicar estas coisas sem ele saber, eu publico outras poesias.
3 comentários:
Eu devia mesmo te matar. Mas deixa pra mais tarde, na cama.
Aproveitando que os dois ainda estão vivos - e que assim permaneçam por um bom tempo, se Deus quiser - deixe-me fazer um registro: eu morro de inveja de quem brinca com as palavras e as transformam em versos com tanta facilidade. Mas isso é tarefa para os poetas, meus amigos...
Só para constar: o comentário acima é da professora letrada e jornalista Madalena de Jesus.
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