sexta-feira, 16 de março de 2012

Coluna de Alex Ferraz

NOSTALGIA
Houve um tempo em que o maior orgulho do brasileiro era ter “moeda forte”, ou seja, cada vez mais perto do dólar. Hoje, é contrário. Ah, sim, também houve um tempo em que as Medidas Provisórias se chamavam Decreto Lei, execrado por ter sido criado pela ditadura militar.

O caos no trânsito e as imprudências
Costumo dizer que o adulto é um jovem que sobreviveu aos seus instintos selvagens. Lamentavelmente, isso foi exemplificado no último fim de semana, quando Salvador bateu recorde de acidentes de veículos, nos quais um jovem de 24 anos e uma adolescente de 16 morreram, sendo que esta última estava em um carro conduzido por outro jovem, que realizava um “racha” na Paralela. Os dois desastres, aliás, têm todas as características de imprudência, no caso o excesso de velocidade.
No ano passado, nada menos que duas mil pessoas morreram em acidentes de trânsito na Bahia. Colaboram para esse mórbido número as más condições de estradas, a falta absoluta de fiscalização contínua e competente, tanto nas rodovias como na cidade, e, é claro, imprudências de motoristas. Tais imprudências não incluem apenas o ato de beber e dirigir. Vão além: excesso de passageiros, inclusive em veículos velhos (caso do Escort que se acidentou na Estrada do Feijão, matando uma família inteira), dirigir em rodovias quando não se tem a mínima experiência para tal e a pura e simples ignorância, pois esta faz com que essas e diversas outras imprudências letais sejam cometidas por puro e simples desconhecimento total do que é um veículo automotor e do seu comportamento diante das leis da física.
Em Salvador, um outro problema ligado ao trânsito: gigantescos engarrafamentos ao fim dos quais não se vê qualquer motivo que os provocasse. Nas sinaleiras, verdadeiras bestas ao volante perdem a paciência e jogam seus carros sobre outros, invadindo o sinal vermelho, e ai de quem reclamar!
Lembro-se do tempo em que aprendi a dirigir. Havia policiais em cada esquina, em cada sinaleira, com o único intuito de fiscalizar, organizar e tornar o trânsito mais racional, além de, coisa do passado, ajudar pessoas a atravessarem as ruas. Hoje, máquinas cujo único intuito é multar (arrecadar dinheiro para os cofres públicos) substituíram os insubstituíveis seres humanos na tarefa de “fiscalizar” o trânsito. Então, vem o desespero maior: ver débeis mentais fazerem misérias em cada sinaleira, em cada esquina, sem que haja qualquer autoridade para fiscalizar e puni-los. Ou mesmo para, simplesmente, organizar o trânsito. Lamentável, mas, pelo visto, irreversível.

Simplesmente
patético
Vocês viram o caso do agente penitenciário que usa um estilingue (o velho badogue da nossa infância) para vigiar mais de 30 presos? É numa cidade do Rio Grande do Norte. Mas não riam: foi assim que David matou o gigante Golias. Caso algum preso tente fugir, tome badogada...Êita Brasilzão!

Não sabem
onde é Paripe?
Uma clínica não atendia o SUS em Paripe e foi incendiada pela população. Horas depois, o Corpo de Bombeiros ainda não tinha aparecido. Será que sabem onde é Paripe? É a pergunta que não quer calar.

Frase:
Tenho medo da morte e da dor, mas convivo bem com isso. O medo me fascina.
( Ayrton Senna )

Ainda sobre
trânsito (I)
Mais uma lembrança: quando tirei minha primeira habilitação, lá pelo final da década de 1970, parei, certa feita, numa sinaleira que havia na Rua do Salette. Um policial de trânsito, então, apitou e me fez encostar o carro. Veio, muito educado, pedir minha carteira. Mostrei e ele me liberou, não sem antes explicar que me parou porque eu tinha “cara de menino” e ele desconfiou que fosse menor de idade.
E olha que não dirigia nenhum carrão, mas sim um prosaico Fusca de minha mãe...
  
Ainda sobre
trânsito (II)
Algum tempo depois do episódio narrado na nota anterior, saía eu desta Tribuna (na minha primeira fase aqui, ainda repórter), em pleno Carnaval, no mesmo Fusca, após escrever a matéria e louco para voltar para a folia (naquele tempo a gente brincava mesmo o Carnaval). Mas tinha tomado todas e saí de vez do estacionamento do jornal para a Rua Djalma Dutra, o que provocou violenta freada de, imaginem, uma viatura da PM. Fizeram sinal para eu parar. Parei. Um tenente, educadíssimo, veio conversar comigo, notou que estava sem óculos (na carteira havia a observação de que eu era obrigado a usá-los), meio bêbado, e, após perguntar onde eu morava, mandou que eu dirigisse, bem devagar, na frente. Eles me seguiram até minha casa, nos Barris, mandaram que eu subisse as escadas e entregasse as chaves. Quando retornei, o tenente disse:  ”Agora vá brincar seu Carnaval e esqueça o carro até Quarta-Feira de Cinzas”. É ou não é para ter nostalgia?

1 ROCK - Os brasileiros já podem adquirir suas entradas para o Rock in Rio-Lisboa e Madrid, pelo site da ingresso.com. Os eventos acontecem entre maio e junho, em Portugal e Espanha.   

2 ESCRITOR – O projeto Fala Escritor, neste sábado (17), às 18h, na Livraria Saraiva do Iguatemi, exibirá o documentário “Martins Gonçalves e o Teatro Baiano: na Mala Muitas Ideias” e Germano Machado falará sobre um dos membros do CEPA, Glauber Rocha.

3 CUÍCA - No próximo dia 24, às 19h, no Espaço Itaú de Cinema Botafogo, Rio de Janeiro, o documentário Cuíca de Santo Amaro (direção de Joel de Almeida e Josias Pires) abre a seleção de longas nacionais do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade.

4 IRECÊ - O jornal El Mercurio, do Chile, divulgou ações do governo brasileiro para o combate à extrema pobreza no campo. Destacou o Plano Brasil Sem Miséria e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em Irecê, na Bahia.

*Alex Ferraz é editor do Jornal Tribuna da Bahia e Juntamente com Tony Pacheco e Ricardo Liper, mantém o blog WWW.osinimogosdorei.blogspot,com

Um comentário:

Sergio Menezes disse...

Senhor Alex Ferraz
Esse negocio de sacola plástica, fechar o chuveiro enquanto toma banho, etc., etc., para proteger o meio ambiente é conversa prá boi dormir. O que eu jogar no lixo de sacola plástica durante toda minha existência nessa vida polui menos que uma hora de funcionamento de uma usina nuclear, ou de despejos industriais nos rios. Me poupem!
Sérgio Menezes