sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O fator Marina


A ministra Carmen Lúcia, vice-presidente eleita do Supremo Tribunal Federal, alertou essa semana para a ameaça da insatisfação popular ante a descrença no Estado. “Esse Estado brasileiro, como está estruturado e como a Constituição previu há 25 anos, não atende mais a sociedade. O que era esperança, na década de 1980, pode se transformar em frustração. A tendência de uma frustração, o risco social é se transformar em fúria. E, quando a fúria ganha as ruas, nenhuma ideia de Justiça prevalece". Disse a ministra.
A ministra retratou com clareza o estado de espirito do eleitor brasileiro que em 2010 já demonstrava nas urnas a sua crescente insatisfação para com os sucessivos governos brasileiros, quando cerca de 30 milhões deixaram de ir às urnas, votaram em branco ou anularam o voto. O PT está a cerca de 12 anos no poder, poderia ter mudado esse quadro de insatisfação, mas não o fez, agindo da mesma forma que os anteriores, traindo a confiança popular que acreditou na sua proposta de mudanças. 
O PT sabe da crescente insatisfação popular, mas, apostou na enganação, nas mentiras e nas esmolas institucionalizadas, agindo como um coronel moderno, mantendo o povo na ignorância e fazendo com que acredite que pequenas esmolas são suficientes para o bem estar de todos. Contudo, como bem disse Winston Churchill: “Pode-se enganar algumas pessoas por muito tempo. Pode-se enganar muitas pessoas por pouco tempo. Mas, não se pode enganar a todos o tempo todo”. E assim foi que o povo brasileiro começou a acordar da ilusão petista.
Contudo, não seria dessa vez que a mudança de governo viria. Uma mudança nos moldes esperados pelo povo brasileiro, que depositava suas esperanças em Marina Silva. Ela saiu do PT por não concordar com a mudança do discurso do partido, e com a postura do seu principal líder, o ex-presidente Lula, que, tão logo chegou ao poder, se aliou às figuras mais representativas dos governos anteriores que ele combatia como José Sarney, Paulo Maluf e Fernando Collor de Melo.
Eduardo Campos não teria chances de derrotar o PT nem mesmo tendo Marina como vice em sua chapa. (É valido lembrar que Marina teve o registro do seu partido, o Rede Sustentabilidade, negado pelo STF de uma forma nebulosa.) Sem poder se candidatar ela aceitou ser candidata a vice de Eduardo Campos, do PSB, para ter um palanque e manter o seu discurso aceso e sua imagem presente na mídia da política brasileira.
Quis o destino que a tragédia se abatesse sobre Campos, o que levou Marina a condição de candidata à presidência pelo PSB. Campos girava em torno de 9% nas pesquisas de intenções de votos. Marina já bateu a casa dos 29% e se as eleições fossem hoje certamente ela venceria Dilma Rousseff num possível segundo turno. O que não acontece com Aécio Neves que despencou nas pesquisas. Observando-se os números nota-se que Dilma e Aécio perderam apenas cerca de 8 pontos percentuais em votos. Onde ela foi buscar tantos votos então? Foi buscar justamente no seio do grande número de descrentes dos políticos e insatisfeitos com os rumos que o Brasil tem tomado.



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