segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Brumadinho: crônica das mortes anunciadas

César Oliveira
Não existe um único culpado para a tragédia anunciada de Brumadinho que já tem 58 mortes, 305 desaparecidos e cenas apavorantes de serem imaginadas como a do ônibus com operários soterrados pela lama, ou da pousada varrida do mapa. Pensar no terror dos passageiros,  até o momento da  morte, o desespero dessas pessoas, é uma imagem além das forças do humano. Não se podia esperar da mesma Vale, uma tragédia igual, após a destruição do Rio Doce e 19 mortos de Mariana . Ao que parece, a empresa que aumentou os bônus de sua diretoria ano passado, nada aprendeu.
A Vale, no entanto, não é a única culpada. Deputados mineiros aprovaram projeto que fragilizava a aprovação das barragens; o governador Pimentel, aprovou; na Câmara de Atividades Minerárias, do mesmo governador, o risco foi rebaixado, sob a benção do Secretário Germano Vieira, herança que o novo governador adotou. É o braço político desse assassinato em massa.

O governo Bolsonaro, certamente por ter militares acostumados a esse tipo de intervenção,  deu show de agilidade, ao contrário do governo Dilma que levou uma semana para sobrevoar a região. Bolsonaro fez pronunciamento que responsabilizou a Vale, despachou Ministros, criou Comitê de Crise, aceitou ajuda internacional de equipes especializadas, e sobrevoou a região no dia seguinte. 
Diversas instituições anunciaram multas a Vale. Como bem mostra a tragédia de Mariana elas costumam resultar em nada( das 58 multas, menos de 1% foi pago pela Vale). 
O que o país espera é que os diretores da Vale sejam afastados e detidos; que a empresa seja punida de verdade( não foi, até agora, em Mariana), como autores de um crime bárbaro, de uma tragédia que já havia sido anunciada na tragédia anterior. E que nem assim, foi evitada.

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