Estudo de pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos (EUA), mostrou relações entre o uso de redes sociais, mais especificamente o Facebook, e o comportamento de pessoas viciadas. A pesquisa foi divulgada no Periódico de Vícios Comportamentais.
Segundo os autores, a lógica de oferta de “recompensas” por esses sites e aplicativos
dificulta a tomada de decisões e estimula atitudes de retorno contínuo
ao uso do sistema, assim como no caso de outras desordens ou de consumo
de substâncias tóxicas.
De acordo com os pesquisadores, os estudos sustentam um paralelo
entre usuários com grande tempo dispendido em redes sociais “e
indivíduos com uso de substâncias [drogas] e desordens decorrentes do
vício”. O excesso de redes sociais afetaria a capacidade de julgamento
das pessoas no momento de escolhas mais benéficas.
“Nossos resultados demonstram que um uso mais severo de sites de
redes sociais é associado com maior deficiência na tomada de decisões.
Em particular, nossos resultados indicam que usuários em excesso de
sites de redes sociais podem tomar decisões mais arriscadas”, dizem os
autores.
Escala
O estudo aplicou uma escala utilizada para medir níveis de vício no
facebook (Bergen Facebook Addiction Scale), problemas na tomada de
decisões e propensão a depressão em 71 pessoas em uma universidade
alemã. A amostra, portanto, é importante para cuidados no momento de
generalizar os resultados para o conjunto da sociedade, mas não
inviabiliza as conclusões importantes da análise.
As pessoas com maior intensidade de uso de facebook foram as que
tiveram pior desempenho no teste de lógica de tomada de decisões
(reconhecer escolhas que, no conjunto, trariam mais benefícios e menos
prejuízos para si).
“Nossas descobertas implicam que os usuários em excesso de sites de
redes sociais estão considerando mais os efeitos potencialmente
positivos de suas decisões do que os efeitos potencialmente negativos”,
afirmam os pesquisadores no estudo.
Uso disseminado
O facebook é utilizado por aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas no
mundo, sendo a maior rede social do planeta. A empresa ainda controla
outros sites de aplicativos semelhantes no topo do ranking desse
mercado, como whatsapp, instagram e facebook messenger.
Pesquisa do site especializado em tecnologia Quartz indicou que
grande parcela dos entrevistados (mais da metade no Brasil) acreditava
que a onternet se resumia ao facebook.
Levantamento de um dos mais renomados centros de pesquisa sobre
internet do mundo (Pew Internet Research), publicado no ano passado,
mostrou preocupação de adolescentes e pais com o tempo gasto em redes
sociais. Outro estudo de pesquisadores da Universidade de San Diego
sugeriu relação entre tempo de aplicações em computadores e videogames e
queda no bem-estar de jovens.
*Por Jonas Valente, da Agência Brasil
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