quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Liberação de armas e violência

César Oliveira
A violência que domina o Brasil, com 68 mil mortes, é um assunto muito complexo e com variadas causas para que seu fim ou ampliação dependa unicamente da proibição ou liberação de armas, como faz crer o debate nacional, com o decreto de Bolsonaro, ainda bastante restritivo. Há países, como o nosso, em que a proibição teve impacto zero, e não impediu que nos tornassemos o país mais violento do mundo, e, outros, com armas liberadas em que as taxas de mortes são infinitamente menores do que as nossas. 
As pesquisas existentes, publicadas na literatura, são sujeitas a muitas váriaveis e tem, por vezes, resultados controversos. Dados recentes publicados na revista JAMA( jornal médico) mostra que essas armas acabam resultando em mortes dentro do círculo de relação do portador da arma e suicídio. Não porque armas levem ao suicídio, mas é uma alternativa, para quem tomou essa decisão e não será impedido pela falta dela.

Do mesmo modo, o impacto para defesa pessoal é muito limitado, até porque os bandidos atacam de surpresa e nem sempre é possível ter acesso a arma para a defesa. Casos isolados de sucesso não represenrtam a realidade. É certo, no entanto, que em certas condições de isolamento, em que o Estado está ausente, a posse de uma arma pode, ocasionalmente, ser a única chance de alguém.
Quem defendee ter uma arma, como meio para sentir-se mais seguro, tem suas razões e merece ser ouvido. E a ideia da arma como poder de dissuação não pode ser afastado.
Quem toma a decisão de usar arma contra alguém, o fará, independente do decreto, assim como cidadãos de bem não sairão por aí atirando a toa porque possuem uma arma, após atender os critérios exigidos.
Sinceramente, não creio que uma arma em mãos sem habilidade seja útil e acho que a medida terá impacto zero na violência. Não mudará a dolorosa estatística nacional ( que dependerá de outras intervenções para reduzir o número de mortes), nem tampouco ampliará a epidemia.
Os casos isolados, entretanto, servirão a todo tipo de discurso.

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