E Charles Darwin criou o homem. Ou, pelo menos, inventou o que hoje
nós conhecemos como homem. Antes dele, éramos o centro do Universo, a
obra sublime da criação. Agora somos apenas mais uma entre milhões e
milhões de espécies, um bicho de origem nada especial. Nada mesmo: a Teoria da Evolução deixou claro que todas as formas de vida que já pisaram na Terra são filhas da mesma tataravó – uma simples molécula.
Assim, mostrando como a vida evolui, Darwin dispensou Deus
do cargo de criador. E seus seguidores do século 21 querem fazer algo
ainda mais chocante: mostrar que não passamos de escravos a serviço dos
verdadeiros donos deste planeta. Ah, tem mais: a teoria de Darwin pode
ter desvendado o segredo dos buracos negros. E mostrado não só que deve
haver vida fora da Terra mas em universos paralelos também. Quer saber
como? Então vamos embarcar no velho Beagle. Primeira escala: o inferno
O inferno de Darwin
O solo repleto de lava negra estava coberto de lagartos e tartarugas
monstruosas. Caranguejos escarlates corriam por todos os lados. O calor
era tão forte que atravessava as botas e queimava os pés. Cercado por
uma vegetação composta de cactos de 3 metros de altura, girassóis do
tamanho de árvores e arbustos desfolhados, Darwin escrevia em seu
diário: “A superfície seca e crestada, aquecida pelo sol do meio-dia,
deixava o ar abafado, quente como em um forno. Tínhamos a impressão de
que até os arbustos cheiravam mal”.
“Esse lugar é o inferno!”, dizia Robert FitzRoy, capitão do navio de
pesquisas Beagle, que levara o jovem Charles Darwin às Galápagos, um
arquipélago no oceano Pacífico. FitzRoy queria um cavalheiro a bordo
para lhe fazer companhia. E o abonado Darwin, de 22 anos, acabou
escolhido, principalmente porque estava estudando para virar padre – mas
também porque FitzRoy gostou do formato do nariz dele, que “sinalizava
profundidade de caráter”. O capitão tinha dois objetivos para a viagem.
Um a serviço do Império Britânico: mapear a costa da Patagônia. Outro,
pessoal: encontrar provas científicas de que o mundo tinha sido criado
de acordo com o que está na Bíblia. Mal sabia ele que o assassino de
Deus estava a bordo.
A paisagem infernal das Galápagos, onde aportaram em 15 de setembro
de 1835, após quase 4 anos de expedição, era um paraíso para Darwin. Ele
pintou e bordou com tudo o que pôde naquele lugar perdido no tempo.
Pegou carona nas tartarugas (“Era difícil manter o equilíbrio.”), tirou
onda com as iguanas (“Ela ficou olhando para mim como se quisesse dizer:
Por que você puxou a minha cauda?”) e encheu o bucho de iguarias
exóticas (“Tatu é um prato excelente quando assado em sua carapaça.”).
De quebra tirou de lá a inspiração para a ideia mais importante e
assustadora da história da ciência.
O gatilho para esse pensamento veio quando ele percebeu diferenças
instigantes entre os bicos de uma espécie de passarinho das Galápagos,
os tentilhões. Em uma ilha eles tinham bicos grossos, bons para quebrar
nozes. Em outra, longos e finos, ideais para arranjar comida em frestas.
Darwin imaginou que aquelas aves deviam ter se adaptado de algum jeito.
Por mágica? Não: por um processo de seleção que levou gerações. Em
ambas as ilhas teriam nascido pássaros de bico fino e de bico grosso.
Naquela onde havia nozes para comer, só estes últimos teriam
sobrevivido. A partir desse raciocínio simples, nascia um monstro.
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