quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Não, não queremos que a Vale morra.

Não, não queremos que a Vale morra. Queremos apenas que deixe de matar.
É preciso esclarecer que o fato de cobramos punição a Vale não é uma campanha por sua extinção. O que não toleramos é saber que a Vale distribuiu R$79 milhões de reais em 2014 a políticos- imagina na última campanha-, reajustou os bônus de seus diretores, mas sequer indenizou alguém na tragédia de Mariana.
É preciso mudar esse cenário e punir os autores desse assassinato em massa, em Brumadinho. Não foi acidente- acidentes acontecem-, mas opção negligente, depois de um aviso contundente. E envolve todos: o ex- governador Pimentel, do PT, - estranhamente poupado pela imprensa, a mesma que, incrivelmente, chegou a acusar Bolsonaro como responsável-, afinal, foi seu governo que após os 19 mortos de Mariana, ao invés de endurecer, preferiu afrouxar a liberação das licenças de barragens, inclusive, aceitando um modelo que outros países, até da América do Sul, não aceitam mais ter; a TUV, empresa alemã que parece ter se aclimatado demais ao Brasil e que deu laudo atestando a segurança da barragem; os engenheiros da Vale; e, sim, impiedosamente, seus executivos, afinal, são eles que tomam as decisões que lhe são apresentadas. Queremos que a Vale recupere o possível do Meio Ambiente, indenize as famílias decentemente, pague suas multas, adote medidas reais de compliance,e encerre seu modelo administrativo baseado na compra de facilidades e políticos.

Já começaram a surgir os defensores da Vale. Mourão, que caminha a passos largos para a deslealdade com o Presidente, já negou decisão de intervir na diretoria; o presidente do Novo, em Minas, Negrão, produziu uma declaração aberrante que sem a Vale não há carros; e Mailson da Nobrega, o ex-Ministro da Fazenda, de triste memória da era Sarney, produziu um dos mais inescrupulosos artigos que já li, condenando a retenção de bens da empresa. Invertebrado, ele, apenas mostra o que Vale.
Sim, é preciso algum pragmatismo sim. A Vale é uma empresa muito importante na nossa economia, uma parceria público-privada - com público demais, para meu gosto, ainda-, que a transformou numa sinecura de alimentar campanhas, governos, e gerar empregos partidários, como aliás, do ex-executivo do BNDES, que depois de gerar empréstimo de R$8 bilhões para a empresa, saiu do banco e foi contratado por ela. Roger Agnelli, demitido por Dilma, saiu denunciando corrupção, e infelizmente morreu em uma queda de avião. Teria muito para nos contar nesse momento.
Não, não queremos que a Vale morra. Queremos apenas que ela deixe de matar.

Nenhum comentário: