No sábado, 2 de fevereiro, todos os caminhos vão
levar ao Rio Vermelho e outras praias para homenagear a Rainha do Mar:
Iemanjá. Apesar da beleza e da devoção, vale ressaltar que a devoção não
deve ser sinônimo de poluição das águas e da areia da zona costeira.
Coordenador do Projeto Biota Aquática e um dos
membros do Projeto Fundo Limpo, Rodrigo Maia enfatiza que qualquer
embalagem plástica deve ser evitada, mas que não é só, pois nem tudo que
é biodegradável faz bem para as águas e para as criaturas que vivem
nela. “Antigamente se falava que não se jogasse vidro na água, apenas o
perfume, mas não sabemos o impacto que esse produto químico tem sobre
algas, peixes, mamíferos ou corais. O ideal é que isso seja evitado,
assim como sabonetes e produtos do tipo”, esclarece.
No dia 03 de fevereiro, logo depois da festa,
inclusive, o Projeto Fundo Limpo voltará ao Rio Vermelho na perspectiva
de retirar da praia o que o mar devolver. “Fazemos um apelo,
inclusive aos tripulantes de embarcações, que não joguem cascas de
frutas no mar, pois embora degradáveis, elas não servem para alimentação
de animais marinhos”, pontua.
Com uma postura parecida, o titular da Secretaria da
Cidade Sustentável e Inovação (Secis), o engenheiro ambiental André
Fraga, defende que não se leve oferenda material alguma e que troque
flores e outros presentes por orações, agradecimentos e boas vibrações.
“Alguém pode até pensar que flores são inofensivas, mas não se leva em
consideração o impacto de tantas flores no mar. Essa atitude não ficará
impune na natureza”, explica, lembrando uma conversa mantida com a
ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, quando ela ainda habitava sua forma
física, e ela dizia que orientaria seus filhos a não fazerem oferendas
materiais ao orixá das águas salgadas.
Fraga lembra que, uma vez na praia, a festa também
pode ser uma oportunidade de retirar da areia e da água o material
plástico ou descartável. “A praia não é lugar de latas, garrafas,
plástico ou produtos que não sejam próprios desse ambiente”, completa.
Dentro dessa perspectiva de uma festa com
conservação da natureza e respeito ao ambiente marinho, o Grupo Nzinga
Salvador iniciou a campanha “Iemanjá protege quem protege o mar”. A
programação do evento, que será realizado na sede da instituição Nzinga
Salvador, localizada no próprio Rio Vermelho, inclui uma série de
atividades que se estendem até domingo (03), entre elas, treino de
capoeira Angola, visitas monitoradas a sítios históricos da Capoeira,
mostra de vídeo e rodas de conversa.
A campanha, que acontece há 13 anos, sugere a
eliminação de produtos poluentes na festa de Iemanjá. Este ano, por ser
uma comunidade de capoeiristas, a Nzinga Salvador coloca a capoeira no
contexto histórico de defesa dos terreiros, contra o racismo religioso.
A programação completa do evento está disponível aqui
(Correio 24 horas)
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