sexta-feira, 13 de novembro de 2020

7 coisas que o Brasil deveria fazer para controlar segunda onda de covid-19


A situação da covid-19 voltou a se agravar na Europa e nos Estados Unidos há algumas semanas. Com o aumento de infectados, os hospitais estão próximos do limite de capacidade de atendimento. Para evitar um desastre ainda maior, líderes de nações como Reino Unido, Espanha e França decretaram toques de recolher e lockdowns.

Mas alguns indicadores sinalizam que o Brasil também pode estar à beira de uma segunda onda: informações vindas de hospitais particulares de São Paulo já registram um aumento do número de internações a partir da segunda ou da terceira semana de outubro.

O mesmo fenômeno ainda não foi observado na rede pública. Mas, se o comportamento dessa eventual segunda onda for igual à primeira, os números nessas instituições também apresentarão uma elevação em breve.

De acordo com epidemiologistas e matemáticos ouvidos pela BBC Brasil, é praticamente impossível impedir que esse rebote ocorra, como mostram experiências com pandemias do passado e a atual situação europeia. A dificuldade maior está em prever quando ela exatamente vai começar. 

"Isso depende de uma série de fatores, como a mobilidade de pessoas e a atividade econômica das cidades, sobre os quais não temos controle nenhum", admite o físico Silvio Ferreira, especializado em sistemas complexos e modelagem epidêmica e professor da Universidade Federal de Viçosa (MG). 

Alguns cálculos indicam que a situação da pandemia em certos lugares do Brasil já está se agravando agora, quase como se estivéssemos emendando a primeira e a segunda onda.

Os gráficos sobre a incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que são um indicativo sobre o estágio mais sério das doenças infecciosas que afetam nariz, garganta e pulmões (caso de gripe e covid-19), voltou a subir substancialmente nas últimas semanas em cidades como Florianópolis.

Os números de casos confirmados de covid-19 estão em alta em outros locais, como na Grande São Paulo e nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul.

"O cenário ainda não está igual ao da Europa e ainda não temos dados oficiais, mas pelo que estamos vendo e ouvindo dos colegas, os casos parecem já estar subindo de novo em alguns locais", observa o médico José Luiz de Lima Filho, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco.

Ingredientes para a piora do cenário

Algumas projeções indicam que essa segunda onda pode ser agravada pelo final do ano, quando muitas pessoas vão viajar e se reunir com familiares e amigos para celebrar as festas ou aproveitar os dias de calor.

Outro fator que pode pesar no futuro é a chegada de temperaturas mais frias a partir de março e abril de 2020. Durante o outono e o inverno, as aglomerações em locais fechados se tornam mais frequentes, o que favorece a disseminação do vírus.

Não dá pra ignorar também o relaxamento das regras para o funcionamento de estabelecimentos comerciais e o cansaço das pessoas em continuarem em isolamento, por mais que ele continue necessário.

Diante de tantas possibilidades, a única certeza que os especialistas possuem é que o Brasil tem uma chance de se organizar bem pelas próximas semanas para criar ações e políticas capazes de diminuir infecções, internações e óbitos.

"Precisamos usar a ciência e os modelos preditivos para entender o que pode acontecer num futuro próximo. A partir daí, podemos lançar mãos de medidas que mitigam o impacto da covid-19 em nossa realidade", analisa o matemático Eliandro Cirilo, da Universidade Estadual de Londrina (PR).

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