quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Vencendo a si mesmo

         “Vencer aos outros é fácil, pois depende apenas de técnica e força física. Vencer a si mesmo é mais difícil, pois consiste em dominar seus vícios e paixões, o que exige força de vontade, sabedoria, coragem e disciplina”. Não são minhas estas palavras, esse pensamento, mas desde que li isso em algum lugar, que carrego comigo como algo pessoal. E foi graças a este conhecimento que eu não me perdi em vícios e sempre soube controlar, na maioria das vezes, as minhas vontades. Vi muitos amigos sucumbirem a vícios e paixões. Vi amigos perdendo tudo que tinham em jogos ou em farras com mulheres e bebidas. E com tristeza percebi a verdade contida nos versos de Rita Lee: “Não adianta chamar, quando alguém está perdido, procurando se encontrar.

         Das pessoas que conheço, algumas preferiram viver, outras preferiram sonhar. Eu escolhi as duas opções. Quem opta por viver, curtir a vida com tudo que ela oferece, dificilmente ficará rico e com certeza vai levar uma vida de dificuldades financeiras. Mas quem opta por sonhar, dificilmente realizará algo de concreto para si mesmo ou para sua família. E numa terceira via estão aqueles que nem vivem nem sonham. São pragmáticos, objetivos, frios, sem emoções e apegam-se demais a bens materiais. Esses fazem fortuna. Fortuna essa que vão gastar na velhice, na vã tentativa de recuperar a saúde perdida. Mas, como dizem os que preferem viver assim, o dinheiro não compra a felicidade, mas manda buscar. Isso porque, para eles, a felicidade é sempre algo material, um objeto de desejo.

         Lembrei agora daquele magnata que foi surpreendido por um jornalista indiscreto e inexperiente (otário), que teve a infeliz ideia de lhe perguntar se ele achava mesmo que aquela espetacular acompanhante de luxo (quenga), gostava mesmo dele. A resposta veio direta na ponta do queixo. “quando vou a um restaurante e peço um prato de camarões, eu não quero saber se o camarão gosta de mim”. Tomou? Isso costuma acontecer com gente que se preocupa mais com a vida dos outros do que a própria. E aqui eu invoco meu grande guru, Raul Seixas, “Se você quer tomar banho de chapéu ou esperar Papai Noel, faz o que tu queres, coisas tudo da lei”. Ocupem-se das suas vidas. Deixem a vida de Quelé, como dizem os soteropolitanos.

         Menino precoce, eu comecei a fumar, beber e transar aos 13 anos. Amei a vida, fiz tudo que quis, tudo o que tinha direito e até o que não tinha, por isso não me arrependo de nada. E o que fiz de errado, de condenável, Deus saberá me julgar e me dar a justa sentença. Não tenho medo. Mas, voltando aos vícios, eu tinha por hábito parar completamente de beber ou fumar, para me testar, saber se resistiria. E, graças a Deus eu consegui, sem problemas. Fiquei seis meses acamado, com uma grave doença, e nem o cigarro nem a bebida me fizeram falta alguma. Fumei dez anos. Mas quando nasceu meu primeiro filho, joguei fora o maço de cigarros e nunca mais fumei. Por questões de saúde, brinquei uma Micareta inteira sem beber, e já cheguei a passar cerca de dois anos indo ao bar para ver e conversar com meus amigos, sem tocar em bebida.

Mas, aqui em Feira de Santana viveu um médico que radicalizou na sua auto disciplina. Dr. Sisnando Lima. Ele passava um ano bebendo, um ano fumando e um ano jogando. Tipo assim: Em primeiro de janeiro ele começava a fumar e só parava no dia 31 de dezembro. Não jogava e nem bebia naquele ano. No ano seguinte, em primeiro de janeiro, ele parava de fumar e começava a beber. Aí não fumava e nem jogava. No ano seguinte, começava a jogar, e aí nem bebia e nem fumava. Há quem questione esse sistema, mas demonstra uma força de vontade e disciplina fenomenal. Só não sei se ele aguentaria um ano sem transar.

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