domingo, 30 de setembro de 2012

Gostar de A, apaixonar-se por B

Quem nunca pensou nisso: é possível querer estar com duas pessoas ao mesmo tempo, gostando de cada uma de um jeito diferente? 

Por Gisela Campos

Como todo mundo, é conversando por aí que vou aprendendo a viver. Puxo um pensamento de um, junto com o comentário de outro e vou formando minhas opiniões. Quase nunca extáticas. Diria mesmo que erráticas… Basicamente uma “metamorfose ambulante”.  Mas como gosto de conversar e, modéstia à parte, tenho talento pra coisa, saio por aí mudando de idéia e discutindo a vida com quem esbarro.
Repasso então o último papo que me deu o que pensar: é possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? Tipo assim: é possível uma pessoa  casada – e feliz no casamento – se apaixonar por outra pessoa? Não estou falando nem em chegar às vias de fato. Nem quero entrar na seara dos conceitos de traição, fidelidade, etc. Isto, sinceramente, é até detalhe!
Penso eu: se alguém se interessa por outro fora da relação dita “oficial”, que diferença faz se o caso acontece ou não? Discorro apenas sobre o “interessar-se”, ou mesmo, apaixonar-se por outro (ou outra).
Será que é possível? Ou mais: será possível a vida a dois SEM isso? Será que existe quem realmente passe a vida olhando sempre para o mesmo lado?
Afinal, o que é a fidelidade? E o que ela significa? Qual o seu valor real?
Conversando com dois amigos essa quarta-feira, ouvi que se interessar só por uma pessoa ao longo da vida seria “praticamente impossível” (palavras de um deles). Mas ambos concordam. O importante é o outro não saber: “nunca! Ela não pode saber nunca…”, suspira pensativo. E continua: “até porque eu sou louco por ela… Ela é a mulher da minha vida. A outra não significou nada, foi só um flerte, uma paixãozinha…”
Mas será que estas paixõezinhas não são o melhor da vida? Será que não é isto que nos empurra pra frente?
Por acaso, na noite dessa mesma quarta-feira, encontro com umas amigas aqui em casa para tomarmos um vinho e falar da vida. A mais velha, 60 e pouquinhos anos, enxutérrima e super produzida, namorando um homem 8 anos mais novo, diz que perdeu muito tempo da sua vida se prendendo a conceitos e padrões da sociedade. Diz que “deixou de viver muita coisa em nome de um casamento”. Será? Será que ser fiel é sinônimo de “deixar de viver”?
E, aliás, quem disse que se interessar por outro é trair? Ou trair implica necessariamente em contato físico? “A gente trai com o corpo ou com a alma, afinal?”, pergunta uma das amigas mas o papo foge para outros lados. Minha alma fica sem respostas, dá outro gole no vinho e sai voando pela janela.

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