quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Feira pode voltar a ser referência em esportes. Falta gestão.



  Feira de Santana já foi referência em esporte para todo o Estado . Nos Jogos Abertos do Interior, as delegações feirenses sempre foram aos mais premiadas. Tivemos aqui o primeiro Campeão Brasileiro de Karaté, Dorival Caribé, um campeão Sul Americano de Halterofilismo, Arístocles Boaventura, entre outros solitários amadores dos esportes que ao longo do tempo se destacaram e saíram do anonimato, colocando o nome de Feira de Santana no alto dos pódios, para todo mundo ver. No Futebol, tem o único clube do interior a ganhar dois títulos estaduais, o Fluminense, e em 2011 o Bahia de Feira voltou a trazer este título para a cidade, mais de 40 anos depois.
           Mas, o mundo mudou, e com ele o conceito da prática esportiva, que deve ser incentivada a partir da infância, nas escolas, e com o auxilio de técnicos profissionais e dispondo de todas as tecnologias que a ciência atualmente proporciona. Os candidatos a prefeito de Feira e Santana falam em incentivar os esportes, mas, ainda com conceitos antigos e sem apontar grandes investimentos. Sequer temos uma secretaria dos esportes, apenas um departamento dentro de uma secretaria.
         Pelo menos o candidato Zé Neto fala em criar tal secretaria e mais espaços de eventos para incentivar a área esportiva. E o candidato Zé Ronaldo, fala em fortalecer o conceito de educação física como instrumento de formação integral dos alunos da rede pública municipal, implantar  um Centro Olímpico, como forma de oferecer treinamento e estrutura para os talentos descobertos na rede esportiva municipal e desenvolver parcerias com Confederações, Federações, Terceiro Setor e Iniciativa Privada, a fim de constituir e manter a Rede Olímpica Municipal, incentivando assim a prática esportiva.
         Feira de Santana tem 20 anos de atraso no setor esportivo. É o que afirma o professor Almir Pinto (foto), que é profissional de educação física, formado pela UCSAL, com várias especializações na área esportiva, inclusive fora do país, e em administração, e que conhece profundamente a realidade de Feira de Santana, pois foi diretor de esportes do município por oito anos. Segundo ele, nas grandes cidades do País já possuem centros de formação e políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de crianças dentro do campo esportivo, especialmente no sul, onde existem escolas com maiores estruturas, mas, ainda não é o ideal.

Mais investimentos
O Brasil como um todo precisa de investimentos no setor esportivo, principalmente no campo da educação, porque na escola onde se fomenta o esporte começa a se descobrir os talentos. “Nas comunidades, nas periferias, estão escondidos tesouros que precisam ser descobertos e moldados, precisam ser trabalhados. O governo vai precisar agora disponibilizar recursos para todo o país, sobretudo pelo Brasil ter sido um fracasso na conquista de medalhas nas Olimpíadas de Londres este ano”. Diz ele, lembrando das Olimpíadas de 2016 do Rio de Janeiro, que para não fazer feio é preciso que o governo esteja atento e mude essa sua cultura, trazendo investimentos para todo o Brasil.
“Vamos precisar de profissionais devidamente qualificados.” Afirma Almir Pinto, acrescentando que há uma carência de qualificação de técnicos e de gestores. Segundo ele, há uma diferença entre desportista e profissional do esporte. “O gestor tem que ser, sobretudo, um profissional gestor esportivo, um profissional de educação física. O esporte pode ser amador, mas, não significa que a sua gestão tem que ser amadora.” Afirma.
Os trabalhos desenvolvidos pela Fundação de Apoio ao Menor em Feira de Santana, com conquistas excepcionais lá fora, com resultados extraordinários, e o Bahia de Feira, na opinião do professor, mostram que capacitação e planejamento com a devida organização, direção e controle, pode trazer resultados efetivos. “O Bahia de Feira posso falar com conhecimento de causa, porque estive perto, trabalhei com Jodilton Souza, ele é um homem organizado, criterioso, que gosta de trabalhar com planejamento e controle. Ele colocou um processo diante da Faculdade Nobre em que não necessitou diretamente de apoio de Prefeitura, governo Federal ou Estadual. Soube implementar as suas ações com nível de conhecimento e competências que trouxeram resultados. Esse é um grande exemplo a outros setores da cidade que não possuem o conhecimento, as competências, e cobram diretamente dos governos a falta de apoio. É preciso conhecimento para elaborar um projeto, é preciso técnicas e ciência para captar os recursos necessários para desenvolver um bom trabalho, como não possui isso, é mais fácil reclamar.” Afirma o profissional.

Qualificação
Uma das coisas que precisam ser feitas em Feira de Santana no próximo governo, na opinião de Almir Pinto, é um curso de capacitação para técnicos, gestores, no âmbito de suas excelências, voltadas a esses setores,  pertinentes a cada ação destas. "Eu acho que é uma das ações primordiais que precisam ser feitas. Porque não tem que se dar o peixe todo dia, precisa se ensinar a pescar. Pode até dar o anzol que ele vai saber como pescar. A pessoa tem que saber andar com as próprias pernas, precisa ter humildade para dizer eu não conheço esse campo, eu preciso aprender. E precisa estudar, buscar conhecimento".
Jogos Abertos do Interior nos anos 70. Os craques do volei feirense
         Feira de Santana já foi um grande expoente esportivo, ganhava torneios em diversas modalidades esportivas, aqui e fora daqui, mas quem se destacou não foi o governo do município, foi um clube social, o Feira Tênis Clube.  Diz Almir Pinto, lembrando ainda  nomes que se destacaram  como Oyama Pinto, que foi uma grande personalidade no esporte, o professor Nelson Nascimento, que foi o grande fomentador do esporte em Feira de Santana. "Esse homem conseguiu despertar o espírito esportista nas pessoas, visitava residências para conversar com as famílias, para mostrar as possibilidades dos filhos fazerem esportes, praticarem atletismo, basquete, vôlei, natação, e com isso o Feira Tênis Clube se tornou uma referência estadual". Lembra Almir Pinto, acrescentando que tem um grupo que não se pode deixar de considerar, e cita alguns nomes como João Marinho Gomes, Adessil Guimarães, Dázio Brasileiro, Ricardo, que "foram pessoas fantásticas na organização dos Jogos Abertos do Interior, se deve muito a essas pessoas pelo que elas fizeram pelo município que viveu uma era gloriosa. Feira de Santana ficou muito bem vista em toda a Bahia, e depois desse período caminhamos por um processo de adormecimento. O Feira Tênis Clube, entrou numa crise, como ocorreu com clubes sociais no Brasil inteiro. Nesse período o governo não tinha políticas que pudessem ser aplicadas ao campo esportivo, para fomentar o descobrimento, a formação ideal de atletas e a participação dessas equipes nas competições", lamenta.
         A SUDESB retomou o processo dos jogos abertos do interior e "hoje se convive, digamos assim, tentando, com os escassos recursos que se tem, trabalhar equipes para representar o município nessa área, mas, eu vejo Feira de Santana um pouco mais além. O exemplo que foi dado por Jodilton Souza, é o exemplo que com profissionalismo na gestão se pode pensar em liga nacional. Se o Bahia de Feira deu um exemplo como esse, essa constituição pode ser voltada a um basquete, a um voleibol, a um handebol. A gente pode ter sul-americano aqui dentro, competições envolvendo Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Equador, é um grande atrativo", concluiu.

Matéria publicada no NoiteDia desta semana.
        

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu sogro fez parte da geração dos anos 70, ganhou praticamente todos os Jogos Abertos do Interior, e foi eleito o 2o melhor jogador brasileiro de vôlei juvenil... Viajou por todo o Brasil durante os jogos...

Tiago Carneiro disse...

Bacana ver meu Pai nesta foto e ver que Ele, assim como seu amigos colaboraram para uma ótima época do esporte Feirense. Edson Carneiro, apelido da época do time de Basquete: Grampão.