quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Cultura Popular perdeu muitas das suas antigas expressões



             Feira de Santana nasceu de comercio de gado, de uma feira-livre que se formou nos arredores da fazenda Santana dos Olhos D’Água, de propriedade do casal Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, onde pousavam vaqueiros que traziam rebanhos bovinos para o mercado de Salvador. A sua cultura se formou em torno disso, tendo como expressões originais o vaqueiro encourado e seu inseparável cavalo, o artesanato de couro, comidas típicas, como a rabada, o mocotó, o fato, churrasco e o tradicional feijão com arroz, e os aboios, toadas e samba de roda.
         A Festa de Santana (padroeira), a Micareta e os festejos juninos eram as festas máximas da cidade. Com a extinção da parte profana da Festa de Santana nos anos 80, Desapareceram expressões da cultura popular feirense Como a Lavagem da Igreja, a Levagem da Lenha e o Bando Anunciador, onde o povo realizava manifestações espontâneas de alegria, protesto e religiosidade.
A Micareta e o São João continuam sendo as maiores festas da cidade, mas totalmente descaracterizadas, sem a presença das antigas expressões da cultura popular, como os mascarados, os bailes de salão e o desfile de fantasias, na Micareta, e as visitas às casas dos vizinhos para tomar um licor, comer amendoim, bolo, canjica e milho assado, sempre perguntando aos donos da casa: “São João Passou por aí”?
 Segundo o cordelista, compositor, xilógrafo, escritor, jornalista, advogado e fazendeiro Franklin Maxado, Feira de Santana está se transformando num subúrbio de Salvador. “Quanto mais a gente se liga a Salvador, a cidade perde um pouco das suas características, de sua identidade. O vaqueiro não está mais correndo montado em seu cavalo (agora é moto) de chapéu de couro, mas de boné com marca. Não tem mais o jaleco de couro, descaracterizando esse personagem indispensável para a representação da nossa cultura”, diz ele.
“Se a prefeitura tivesse uma noção do que fosse a cultura local, teria que ter uma secretaria de Cultura articulada com a de Educação, para formar esse público, mostrar quais são as nossas manifestações, a nossa cultura, pra fazer desde pequeno a cabeça desse pessoal, prestigiar os artistas locais”, argumenta.
         A sugestão de criação de uma específica Secretaria Municipal de Cultura, articulada com a Secretaria Municipal de Educação, não consta dos planos de governo dos candidatos a prefeito, Uma solução alternativa apontada por Franklin Maxado seria a criação de cooperativas de produtores, mas salienta que “não temos, infelizmente, esse espírito sulista de associativismo”.

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