Discussões inúteis, intermináveis,
agressivas. Gente defendendo as maiores asneiras, e se orgulhando
disso. Pessoas perseguindo e ameaçando as outras. Um tsunami infinito de
informações falsas. Reuniões, projetos, esforços que dão em nada.
Decisões erradas. Líderes políticos imbecis. De uns tempos para cá,
parece que o mundo está mergulhando na burrice. Você já teve essa
sensação? Talvez não seja só uma sensação. Estudos realizados com
dezenas de milhares de pessoas, em vários países, revelam algo inédito e
assustador: aparentemente, a inteligência humana começou a cair.
Os primeiros sinais vieram da Dinamarca. Lá, todos os homens que se
alistam no serviço militar são obrigados a se submeter a um teste de
inteligência: o famoso, e ao mesmo tempo misterioso, teste de QI (mais
sobre ele daqui a pouco). Os dados revelaram que, depois de crescer sem
parar durante todo o século 20, o quociente de inteligência dos
dinamarqueses virou o fio, e em 1998 iniciou uma queda contínua: está
descendo 2,7 pontos a cada década. A mesma coisa acontece na Holanda
(onde tem sido observada queda de 1,35 ponto por década), na Inglaterra
(2,5 a 3,4 pontos de QI a menos por década, dependendo da faixa etária
analisada), e na França (3,8 pontos perdidos por década). Noruega,
Suécia e Finlândia – bem como Alemanha e Portugal, onde foram realizados
estudos menores – detectaram efeito similar.
“Há um declínio contínuo na pontuação de QI ao longo do tempo. E é um
fenômeno real, não um simples desvio”, diz o antropólogo inglês Edward
Dutton, autor de uma revisão analítica(1) das principais pesquisas já
feitas a respeito. A regressão pode parecer lenta; mas, sob perspectiva
histórica, definitivamente não é. No atual ritmo de queda, alguns países
poderiam regredir para QI médio de 80 pontos, patamar definido como
“baixa inteligência”, já na próxima geração de adultos. Não há dados a
respeito no Brasil, mas nossos indicadores são terríveis.
Um estudo realizado este ano pelo Ibope Inteligência com 2 mil
pessoas revelou que 29% da população adulta é analfabeta funcional, ou
seja, não consegue ler sequer um cartaz ou um bilhete. E o número de
analfabetos absolutos, que não conseguem ler nada, cresceu de 4% para 8%
nos últimos três anos (no limite da margem de erro da pesquisa, 4%).
Nos países desenvolvidos, o QI da população tem caído até 3,8 pontos por década.
No caso brasileiro, a piora pode ser atribuída à
queda nos investimentos em educação, que já são baixos (o País gasta US$
3.800 anuais com cada aluno do ensino básico, menos da metade da média
das nações da OCDE) e têm caído nos últimos anos. Mas como explicar a
aparente proliferação de burrice mesmo entre quem foi à escola? E a
queda do QI nos países desenvolvidos? O primeiro passo é entender a base
da questão: o que é, e como se mede, inteligência. Click aqui e leia materia completa no Super Interessante.
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