sábado, 8 de setembro de 2018

Por que a maçonaria inspira tantas teorias da conspiração

Uma hora é um livro novo, outra hora uma declaração política. Teorias e conspirações envolvendo a maçonaria, uma sociedade que sempre teve sua aura de mistério, povoam desde ficções best-sellers como "O Símbolo Perdido", de Dan Brown, até a campanha eleitoral brasileira.
Neste ano, aliás, já foram dois os momentos em que os maçons foram trazidos para o debate. Primeiro com o candidato Cabo Daciolo, do Patriota, que enxerga na sociedade uma de suas inimigas - diz que vai eliminá-la do Brasil. E, nesta semana, com o atentado contra o candidato Jair Bolsonaro, do PSL: o homem acusado de ser o agressor também seria um crítico da maçonaria - em textos publicados nas redes sociais, ele teceu ilações entre políticos e problemas sociais do País e a sociedade.
Mas o que é a maçonaria, afinal? Com cerca de 170 mil membros no Brasil, trata-se de uma sociedade outrora secreta, de caráter filosófico e filantrópico. Seus integrantes defendem os princípios da liberdade, da democracia, da igualdade e da fraternidade, além de serem entusiastas do aperfeiçoamento intelectual. Calcula-se que haja 3,6 milhões de maçons no mundo.

Pedreiros

Sua origem remonta à Idade Média, quando as profissões se agrupavam em corporações de ofício - as chamadas guildas. Os pedreiros ou construtores, com o conhecimento herdado das técnicas romanas e gregas, se organizaram em um desses grupos. E, por uma questão de sobrevivência frente a uma possível concorrência, eles guardavam os segredos da construção civil, temerosos de que as técnicas caíssem em domínio público.
Então o grupo nasceu assim: como um maneira de garantir a hegemonia do conhecimento e, ao mesmo tempo, possibilitar um intercâmbio de informações entre essa confraria de construtores. Aos poucos, outros temas foram introduzidos nas conversas. O que eram apenas convescotes laborais, portanto, foram ganhando importância em termos de debate.
Como sociedade filosófica e filantrópica, a maçonaria foi fundada em 24 de junho de 1717, na Inglaterra. Foi ideia de dois pastores protestantes, James Anderson e J. T. Desaguliers, alinhados com os princípios do livre pensamento que nortearam o movimento conhecido como iluminismo.
O poder veio nos Estados Unidos. Ali, os maçons tiveram participação importante na Independência americana e, não à toa, dos 55 signatários da Declaração de Independência, nove vinham da maçonaria. Dos 39 que aprovaram a Constituição, 13 eram maçons. Benjamin Flanklin era maçom. George Washington, o primeiro presidente americano, também. Na virada do século 18 para o século 19, a maçonaria era um 'clube' que reunia as mentes mais influentes e antenadas do planeta.
Os maçons também influenciaram a Revolução Francesa - conta-se que a Marselhesa, hino da França, foi composta na loja maçônica de Marselha. 

Influência nas independências sul-americanas

Na América do Sul, não foi diferente. Conforme estudos do pesquisador inglês Andrew Pescott, autor de "A História da Maçonaria da Marca", a sociedade participou dos processos de independência de todos os países sul-americanos. Na lista dos ilustres maçons libertadores, estão o venezuelano Simon Bolívar, o argentino José de San Martín e o chileno Bernardo O'Higgins. Além, é claro, de D. Pedro 1º.
"A maçonaria influenciou o processo de independência e, depois do Sete de Setembro, reuniões em lojas maçônicas pediam ajuda aos irmãos para que D. Pedro fosse reconhecido como imperador constitucional do Brasil", afirma o historiador Paulo Rezzutti, autor da biografia D. Pedro - A História Não Contada.
A maçonaria brasileira nomeou Pedro 1º grão-mestre da sociedade. E ele assumiu o cognome de Guatimozin - nome dado pelos cronistas espanhóis ao último imperador asteca.
Não foi só a Independência. A República também veio por meio de um maçom, Marechal Deodoro da Fonseca.

Conspirações

O terreno fértil para conspirações tem dois motivos: o fato de a maçonaria ser uma sociedade exclusiva, ou seja, um clube onde só entram convidados e cujas reuniões são a portas fechadas, suscita especulações; ao mesmo tempo, tantos poderosos historicamente já fizeram parte da sociedade, ingrediente que alimenta o imaginário público.
Dessa junção de fatores vem a teoria mais famosa atribuída à maçonaria, a tal Nova Ordem Mundial propagada pelo candidato Daciolo. De acordo com essa lenda, seria um plano para que o mundo tivesse um governo único, planejado e comandado por maçons. Na prática, não faz sentido: nem as lojas maçônicas são únicas, do ponto de vista organizacional; cada casa é independente e abriga confrades com pontos de vista diferentes. 
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