quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A “Princesa do Sertão” aprendeu a bailar com Ângela Oliveira

Até 1980 não existia nenhuma escola de Dança e não existia nenhum movimento cultural deste segmento. Era algo inovador. Ângela Oliveira, que fazia parte da primeira turma de dança da Universidade Federal da Bahia, promovia aulas na “Princesa do Sertão” nos finais de semana, para uma pequena turma, e com o tempo, passou a organizar grupos e construiu um espaço para desenvolver suas atividades. Nascia a Earte, a primeira academia de Dança da cidade, em 1981.
Ângela Maria Queiroz de Oliveira nasceu em Feira de Santana em 17 de julho de 1953, filha de Dr. Herval de Oliveira e Professora Eli Queiroz de Oliveira. Desde criança demonstrou vocação para as artes, tendo estudando piano e participado de corais. Com o irmão. Luiz Augusto, montou peças de teatro e números circenses para uma plateia de amigos e familiares. Assim nasceu a Escolinha de Arte Criativa e Ballet.
         Em 1972 ingressou no curso de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e já em 1973, foi convidada a ingressar no Grupo de Dança Contemporânea da Universidade. Em 1975 viajou pelo Japão, Estados Unidos e pela Europa, em busca de novos conhecimentos. Em Portugal estudou no Conservatório das Artes Nacionais de Lisboa e na Fundação Calouste Golbeidian. Estudou também na França e na Suíça, tendo observado e documentado danças típicas da Finlândia, Noruega e Espanha.
         De volta ao Brasil deu início ao projeto da Earte que, em 1981, já funcionava nas suas atuais instalações, na rua Juracy Magalhães, no bairro Ponto Central. A Earte realizou eventos marcantes na cidade, com a presença de grandes nomes da dança no Brasil como Ana Botafogo e Carlinhos de Jesus. Foi através dos passos de Ângela Oliveira que a dança começou a caminhar em Feira de Santana.
Ângela começou a construir uma linda história, mas veio a falecer em 1983 após um acidente, assim, a direção da Earte foi assumida por Luiz Augusto Oliveira e Thelma Oliveira. Após alguns anos, Manuella Oliveira, filha do casal, que praticava a dança desde criança por incentivo da família, começou a ensinar pequenas turmas de ballet. A Earte começou a crescer e ganhar nova forma, passando a oferecer outros estilos de dança além de aulas de música, teatro, karatê entre outras atividades.
A Earte é a única instituição do interior da Bahia e certamente uma das poucas em todo o Brasil a completar 40 anos ininterruptos, realizando atividades culturais, e isto é motivo de alegria e orgulho para todos nós”, diz o diretor da Earte, Luiz Augusto. Com o seu crescimento e reconhecimento na cidade e região, a Earte realizou eventos marcantes na cidade. Na comemoração dos seus 20 anos no Teatro Amélio Amorim, estava presente Ana Botafogo, primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Carlinhos de Jesus também já participou de um curso de dança de salão na antiga casa noturna Cabaré.
Em comemoração aos 40 anos, foi realizado o Festival Vida, que apresentou a trajetória da Earte, relembrando grandes momentos com a bailarina Ângela Oliveira. E o espetáculo Don Quixote, um conto de heroísmo, romance baseado na obra de Miguel Cervantes. Para os papéis principais a Earte convidou o bailarino cubano Luis Rubén Gonzalez (formado na Escola Nacional de Ballet de Havana) e a bailarinJuliana Siqueira (formada em dança pelo Centro de Dança do Porto (Portugal).
As apresentações de dança promovidas pela Earte, já são uma tradição de final de ano em Feira de Santana. Uma trajetória de sonhos, ritmos e sucesso que faz parte do crescimento de Feira de Santana.
No dia 22 de outubro de 1983, Ângela escreveu: “O que importa é que a semente foi lançada! Nestes meses de atividades, centenas de crianças, jovens e adultos captaram a mensagem da beleza, harmonia e liberdade que tentamos espalhar. Um Pouco da Earte está dentro das pessoas que de alguma forma a ela relacionaram”. No dia 23 faleceu num acidente de automóvel.

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