sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Descrédito amplo, geral e irrestrito


Segundo o noticiário geral, as autoridades policiais já estão identificando os baderneiros que se infiltraram nas manifestações pacíficas dos cidadãos brasileiros, promovendo desordens e vandalismos contra o patrimônio público e privado. Se isto realmente ocorre, este Sete de Setembro promete, pois há indícios de que o povo vai voltar às ruas, com força, para protestar contra a falência moral e política do Brasil. “Estamos de saco cheio”, é o mote da vez.
         O povo já foi às ruas, protestou, demonstrou sua insatisfação com o estado de coisas, enfrentou uma polícia despreparada para lidar com manifestações populares, tratando cidadãos como criminosos comuns do seu dia a dia. Enfrentou o cinismo e oportunismo de políticos que tentaram “pongar” no discurso popular para hastear as bandeiras das suas agremiações políticas, e foram devidamente rechaçados pelo sentimento popular que não acredita mais neles, nem nos seus discursos vazios.
         Aliás, a parcela pensante da população já não acredita sequer no próprio País, dado ao descrédito e desrespeito com que esta Nação é tratada no cenário internacional. A coisa não é nova, vem de longe. Ainda dos tempos da ditadura militar. Havia uma embaixada brasileira em determinado país, que era conhecida no meio empresarial como “Embaixada 10 por Cento”, que era a comissão cobrada pelos funcionários e até pelo embaixador por qualquer negociação intermediada ali, que envolvesse finanças.
         Em verdade, nunca soubemos nos fazer respeitar. Há muitos anos me contaram uma história de uma carta que a embaixada holandesa teria enviado ao governo brasileiro, solicitando encarecidamente que comunicasse aos produtores de sisal de que podiam mandar a areia misturada ao sisal vendido para a Holanda em sacos separados. Eles pagariam pelo peso da areia, mas que não misturassem no sisal porque estava danificando as máquinas de beneficiamento.
          Recentemente, o governo federal anunciou, via Anatel, a lei que proíbe as operadoras de celular de estabelecerem prazos de validade para créditos nos aparelhos pré-pagos. No entanto, todas as operadoras ignoraram a lei e continuam dando prazos, às vezes de menos de 30 dias, para créditos pelo qual o usuário já pagou. Por sua vez, diante do caso de espionagem dos Estados Unidos no governo brasileiro, o ministro da Justiça foi aos EUA mudo e voltou calado. Segundo ele, suas proposições em condicionar espionagem a ordem judicial, não foram aceitas pelos americanos.
        Quem não sabe respeitar não pode pedir respeito. Por isso o governo brasileiro e seus representantes não são respeitados. Neste país, qualquer “Zé Mané” se acha no direito de fazer o que quer, porque não dá em nada mesmo. Talvez a maioria das pessoas não entenda do que estou falando. Mas quem ficou preso numa rodovia por quase um dia inteiro, porque meia dúzia de gatos pingados interditou a estrada para protestar contra o fechamento de uma via clandestina, vai entender muito bem o que acontece num país onde os seus governantes não se dão ao devido respeito.

Nenhum comentário: