sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Um país surrealista



           Não sou o primeiro, e certamente não serei o último, a afirmar que o Brasil é um país surrealista. Antônio Balbino, governador da Bahia nos anos 50, afirmava: “Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente”! Mas não é só a Bahia, o Brasil inteiro é cheio de absurdos. Aqui prevalecem o nonsense, o absurdo, o ilógico, o surpreendente. É surreal mesmo. A gente liga a TV e ouve a notícia de que “traficantes evangélicos” estão expulsando das favelas do rio de janeiro os pais de santo e proibindo os moradores da pratica das religiões afrodescendentes.
            Traficantes evangélicos. É ou não surreal? Mas não para por aí. Mesmo quando surge um boa ideia, a sua interpretação e execução é distorcida, gerando absurdos. A atual Bolsa Família, a esmola oficial do governo federal, surgiu como uma proposta para dotar o desempregado, sem qualificação profissional, de uma ajuda de custo para que tivesse alguma renda enquanto se capacitava e se colocava no mercado. Mas isso teria um tempo determinado, findo o qual o benefício seria retirado. Logo os políticos perceberam que era um bom modo de angariar votos, e o benefício se tornou numa esmola permanente, incitando os brasileiros à vagabundagem.
            “Pé de galinha não mata pinto”, reza a sabedoria popular para dizer que umas palmadas, bolos, ou até uma boa sova de cinturão que os pais aplicassem nos filhos rebeldes e desobedientes, não seria nada demais. “Quem poupa a vara ao seu filho, não sabe o mal que lhe faz”. Está lá, na Bíblia, afirmando que devemos punir os filhos desobedientes. Ninguém, entretanto, está afirmando que se deve machucar, ferir, torturar seus filhos. Apenas se diz que uma palmadinha terapêutica não faz mal e põe o moleque atrevido no seu devido lugar, aprendendo a respeitar os seus pais. Aliás, alguém já disse que, quem não respeita os mais velhos, vai respeitar os mais fortes.  Mas aqui no Brasil os pedagogos e psicólogos de plantão, entendem que não se pode castigar os filhos para não deixá-los traumatizados ou revoltados. Aqui em casa o cinturão e o bom e velho “tapão no pé da orelha”, colocou todo mundo na linha e não tem ninguém revoltado ou vagabundo.
            Os hospitais e clínicas filantrópicas, que atendem quase que exclusivamente a pacientes do Sistema Único de Saúde, recebendo do governo que contrata os serviços quantias irrisória pelos procedimentos médicos realizados, já acumulam uma dívida de R$ 15 bilhões. E ainda assim o governo não só não perdoa a dívida, como não corrige a tabela do SUS, e ainda quer obrigar aos filantrópicos a continuar tratando de pacientes de SUS, exigindo, inclusive, serviços de primeiro mundo.
            Faltam hospitais públicos e médicos, faltam moradias decentes, faltam infra estruturas necessárias ao bom funcionamento das empresas e ao bem estar dos trabalhadores, faltam escolas públicas e professores, falta transporte público de qualidade, falta tudo enfim, sob a alegação de que não há recursos. Contudo se constrói estádios milionários para realizar eventos para os quais o país não está preparado.
            Nunca a técnica demagoga do “Pão e Circo” foi tão intensamente aplicada. E olha que o pão está faltando, o Brasil virou um circo e nós, cidadãos, somos os palhaços.

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