domingo, 22 de setembro de 2013

A Princesa do Sertão cresce livre, autônoma e atrevida como sempre



Feira de Santana completa 180 anos de emancipação política. Sem contar com o apoio político que merece, por ser a segunda maior cidade do Estado, a cidade cresce assim mesmo, livre e autônoma, impulsionada pelos seu dons naturais como, por exemplo, sua extraordinária localização geográfica, cortada por três rodovias federais, o que a torna passagem obrigatória para quem cruza o País de Norte a Sul, e porta de entrada para a capital do Estado.
         Se o comercio e a pecuária eram a base da sua economia, a partir dos anos 70 essa economia ganho novo impulso com a implantação do Centro Industrial do Subaé, que hoje conta com cerca de 1.200 indústrias de grande, médio e pequeno porte. Some-se a isso o fortalecimento da agricultura e ao crescimento da oferta de serviços, e o resultado é que o PIB do Município é hoje o maior do interior do Nordeste, gerando e torno de R$ 7 bilhões, segundo dados do IBGE.
         Mas a cidade enfrenta muitos problemas, por falta de trabalho efetivo dos governos. O caos no trânsito e a favelização do centro comercial, são atualmente os principais problemas e viraram “cavalo de batalha” de políticos em época de eleições. E para piorar o quadro, o Município até o presente momento não implantou o seu Plano Diretor, cujo prazo, por lei, expirou em 2006. Os prefeitos fazem o que bem entendem, tirando a todo momento do bolso do colete projetos de obras, como mágicos tiram coelhos da cartola.
         O maior efeito negativo dessa falta de planejamento é que a cidade experimenta um extraordinário crescimento imobiliário, mas não tem infra estrutura básica para dar suporte a esse crescimento. Além disso, a cidade carece, com urgência, de um aeroporto de médio porte, entre outras coisas. Mas em sete anos de governo Wagner estas e outras tantas obras reivindicadas pela sociedade, nunca passaram de promessas, não saíram do papel.
         A cidade já foi aprovada na Assembléia Legislativa do Estado como sede de uma Região Metropolitana. Mas o governo do Estado também nunca efetivou isso. O CIS Norte já existe, oficialmente, pois um lei municipal determinou que as terras às margens da Br-116 Norte, numa faixa de 1 Km de largura, estendendo-se para além do entroncamento de Tanquinho, é área destinada a desapropriação para implantação de indústria. Mas o governo do Estado alega não ter verba para efetuar as desapropriações.
         A demora em fazer isso, implica em especulação imobiliária, porque investidores estão adquirindo terras às margens da rodovias, objetivando a sua valorização como área industrial. Situação semelhante ao que acontece nas áreas destinadas à ampliação do aeroporto, eterna promessa do governo que também não sai do papel. Agora se fala em ferrovias que irão interligar Feira de Santana a diversas cidades baianas e até outros estados, e já houve até audiências públicas para anunciar com pompas mais esta ação governamental em prol da cidade. Mas, como acreditar, se até um pequeno trecho de ferrovia, que deveria ser estendido de Conceição da Feira até o distrito de Humildes, onde se prevê que deverá ser implantado o pólo de logística de Feira de Santana, também não saiu do papel. Aliás, o próprio polo de logística continua sendo um sonho que já dura mais de uma década.
         Mas a Princesa está acostumada a andar com seus próprios pés. Teimosa, sempre bateu pé firme contra imposições políticas, nunca aceitou as ameaças veladas nos discursos daqueles que afirmavam que, para ser beneficiada, a cidade teria que ter um prefeito aliado ao governador, quase sempre elegeu políticos de oposição, mesmo nos duros anos ditadura militar, e o prefeito atual faz oposição ao governador Jaques Wagner, que mal disfarça a má vontade que tem para com Feira de Santana.
         Essa teimosia é antiga. Na década de 50, o prefeito João marinho Falcão, cansado das promessas do governador Antônio Balbino sobre determinada obra que não saia do papel, bateu o pé e disse em alto e bom som, como era o seu jeito peculiar de ser: “Governador. Sou um homem ocupado e não posso perder tempo. Diga apenas sim ou não, mas não me faça promessas que não vai cumprir”.
         Assim é Feira de Santana, assim é o seu povo. “Nóis capota mais num brcca”!
         

Nenhum comentário: