Feira de Santana completa 180 anos de
emancipação política. Sem contar com o apoio político que merece, por ser a
segunda maior cidade do Estado, a cidade cresce assim mesmo, livre e autônoma,
impulsionada pelos seu dons naturais como, por exemplo, sua extraordinária
localização geográfica, cortada por três rodovias federais, o que a torna
passagem obrigatória para quem cruza o País de Norte a Sul, e porta de entrada
para a capital do Estado.
Se o comercio e a pecuária eram a base
da sua economia, a partir dos anos 70 essa economia ganho novo impulso com a
implantação do Centro Industrial do Subaé, que hoje conta com cerca de 1.200
indústrias de grande, médio e pequeno porte. Some-se a isso o fortalecimento da
agricultura e ao crescimento da oferta de serviços, e o resultado é que o PIB
do Município é hoje o maior do interior do Nordeste, gerando e torno de R$ 7
bilhões, segundo dados do IBGE.
Mas a cidade enfrenta muitos problemas,
por falta de trabalho efetivo dos governos. O caos no trânsito e a favelização
do centro comercial, são atualmente os principais problemas e viraram “cavalo
de batalha” de políticos em época de eleições. E para piorar o quadro, o Município
até o presente momento não implantou o seu Plano Diretor, cujo prazo, por lei,
expirou em 2006. Os prefeitos fazem o que bem entendem, tirando a todo momento
do bolso do colete projetos de obras, como mágicos tiram coelhos da cartola.
O maior efeito negativo dessa falta de
planejamento é que a cidade experimenta um extraordinário crescimento
imobiliário, mas não tem infra estrutura básica para dar suporte a esse
crescimento. Além disso, a cidade carece, com urgência, de um aeroporto de
médio porte, entre outras coisas. Mas em sete anos de governo Wagner estas e outras
tantas obras reivindicadas pela sociedade, nunca passaram de promessas, não
saíram do papel.
A cidade já foi aprovada na Assembléia
Legislativa do Estado como sede de uma Região Metropolitana. Mas o governo do
Estado também nunca efetivou isso. O CIS Norte já existe, oficialmente, pois um
lei municipal determinou que as terras às margens da Br-116 Norte, numa faixa
de 1 Km de largura, estendendo-se para além do entroncamento de Tanquinho, é
área destinada a desapropriação para implantação de indústria. Mas o governo do
Estado alega não ter verba para efetuar as desapropriações.
A demora em fazer isso, implica em
especulação imobiliária, porque investidores estão adquirindo terras às margens
da rodovias, objetivando a sua valorização como área industrial. Situação
semelhante ao que acontece nas áreas destinadas à ampliação do aeroporto,
eterna promessa do governo que também não sai do papel. Agora se fala em
ferrovias que irão interligar Feira de Santana a diversas cidades baianas e até
outros estados, e já houve até audiências públicas para anunciar com pompas
mais esta ação governamental em prol da cidade. Mas, como acreditar, se até um
pequeno trecho de ferrovia, que deveria ser estendido de Conceição da Feira até
o distrito de Humildes, onde se prevê que deverá ser implantado o pólo de
logística de Feira de Santana, também não saiu do papel. Aliás, o próprio polo
de logística continua sendo um sonho que já dura mais de uma década.
Mas a Princesa está acostumada a andar
com seus próprios pés. Teimosa, sempre bateu pé firme contra imposições
políticas, nunca aceitou as ameaças veladas nos discursos daqueles que
afirmavam que, para ser beneficiada, a cidade teria que ter um prefeito aliado
ao governador, quase sempre elegeu políticos de oposição, mesmo nos duros anos
ditadura militar, e o prefeito atual faz oposição ao governador Jaques Wagner,
que mal disfarça a má vontade que tem para com Feira de Santana.
Essa teimosia é antiga. Na década de
50, o prefeito João marinho Falcão, cansado das promessas do governador Antônio
Balbino sobre determinada obra que não saia do papel, bateu o pé e disse em
alto e bom som, como era o seu jeito peculiar de ser: “Governador. Sou um homem
ocupado e não posso perder tempo. Diga apenas sim ou não, mas não me faça
promessas que não vai cumprir”.
Assim é Feira de Santana, assim é o seu
povo. “Nóis capota mais num brcca”!
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