quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Minha Casa, Minha Vida reproduz injustiça social, conclui pesquisa

Em meio à reta final para a Olimpíada no Rio de Janeiro, encurtam-se os prazos e aumentam as pressões sobre comunidades que resistem a dar lugar às obras associadas aos jogos. Ao todo, 22 mil famílias já foram reassentadas na cidade de 2009 a 2015, por força de novos empreendimentos ou por estarem em situação de risco. E 74% dessas pessoas receberam casas do programa Minha Casa, Minha Vida, grife da gestão Dilma Rousseff.
"Esse (casa própria) é um sonho que acompanha a humanidade desde o início dos tempos, um local onde você se protege e constrói seu futuro e sua vida", disse Dilma no mês passado ao entregar casas do programa, numa referência recorrente em discursos da presidente.
Uma pesquisa recente, contudo, investigou como essas novas moradias impactam os meios de subsistência dos beneficiários, e descobriu que nem sempre o programa é sinônimo de progresso e estabilidade econômica, como prega a narrativa oficial.
Ao entrevistar moradores de cinco comunidades do Rio, todas na mira de remoções ou já reassentados em condomínios do MCMV, a socióloga Melissa Fernández Arrigoitia, da LSE (London School of Economics), encontrou pessoas em novas dificuldades financeiras – seja pelas contas adicionais a pagar, distância do antigo trabalho ou novas despesas com transporte.
Image copyright LSE Image caption Venda caseira no condomínio Recanto da Natureza, no Rio: distância conduziu moradores ao comércio informal
Para a pesquisadora do Departamento de Geografia da LSE, que ainda trabalha para quantificar as dezenas de entrevistas, um "reassentamento nem sempre 'assenta' a brutalidade e exploração que caracteriza muitas remoções". "Essas injustiças podem continuar, mascaradas por novos moldes e formas", acrescenta ela. (leia mais no BBCBrasil)


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