quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

São Bernardo: Como 'bastião do lulismo' se tornou uma das grandes vítimas da crise

O retrato de Luiz Inácio Lula da Silva pendurado acima da mesa do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Rafael Marques, não deixa dúvidas sobre a importância simbólica do ex-presidente para esse sindicalista e a instituição que ele preside.
Na parede da frente, outro retrato: o da greve de 1990 na Ford, que Marques ajudou a organizar um ano depois da derrota de Lula para Fernando Collor na corrida pela Presidência.
“Foi nessa greve que conheci Lula”, lembra o sindicalista. “Ele queria encontrar alguns militantes, tinha ouvido falar que havia uma molecada nova à frente do movimento. Até hoje ele mora aqui em São Bernardo (do Campo, na Grande SP), mas na época vivia pertinho do sindicato, então fui até lá.”
Berço dos Partidos dos Trabalhadores (PT) e do movimento sindical que deu a Lula projeção nacional no início dos anos 80, a cidade de São Bernardo juntamente com toda a região do ABC paulista está sendo duramente impactada pela recessão econômica em função da forte participação da indústria e, em especial, do setor automobilístico, na economia local.
E em poucos lugares fica tão evidente como isso complica o desafio do PT de vencer a atual crise de popularidade que atinge o partido como na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Marques garante que o apoio ao PT ainda é grande entre metalúrgicos - e que é dos movimentos de trabalhadores que sairá uma reação forte de apoio ao governo caso a possibilidade de um impeachment volte a assombrar a Presidência. “Nas manifestações (anti-impeachment) de dezembro lotamos 40 ônibus”, conta.
No andar de baixo do prédio do sindicato, porém, a poucos metros da antiga sala ocupada por Lula, as opiniões se dividem entre dezenas de metalúrgicos que acabaram de ser demitidos de empresas espremidas pela queda das vendas.

Críticas
“O PT e o Lula traíram os trabalhadores. Mostraram que esse é um partido corrupto como outro qualquer”, diz um jovem soldador, cortado recentemente de uma empresa junto com outros 40 trabalhadores. “Foi uma pouca vergonha o que fizeram com o país”, reforça um colega, pedindo para não ser identificado.
“Confiamos nessas pessoas (do PT), o José Dirceu, mesmo o Lula, então não tem como não ficar decepcionado com essa corrupção e essa crise econômica. Hoje não é difícil encontrar entre metalúrgicos quem esteja descontente”, concorda Isael Ferreira, de 50 anos, demitido de uma fábrica de ferramentas. 
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