sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Abriram a porta do hospício



            “De perto ninguém é normal, já disse Caetano”. Nestes meus quase 60 anos de vida já pude observar de perto as mentes mais sãs, como também as mais doentias. O ser humano não segue um padrão de comportamento natural como os animais selvagens, que reagem por instinto aos estímulos da fome, sede, dor, medo, raiva e apetite sexual. Um animal selvagem, de um modo geral,  não raciocina nem premedita suas ações, salvo algumas exceções, mas sempre seguindo seus estímulos naturais.
            A mente humana é mais complexa. Seguindo seus estímulos naturais, mas capazes de efetuar combinações tais como “motivo e oportunidade”, um ser humano é capaz de realizar as mais incríveis proezas, sejam elas boas ou más. E neste turbilhão de sentimentos e emoções, qualquer faísca pode incendiar o mundo inteiro. Apesar de toda evolução tecnológica que obtivemos, no nossa essência, ainda não deixamos as cavernas.
            Eu vejo o mundo mergulhado numa crise total. Valores como moral, respeito, honestidade, civilidade, generosidade, compaixão, amizade, conhecimento, entre outros, que nos tornam diferentes dos animais selvagens, estão sendo esquecidos, ignorados, ironizados, avacalhados. E isso já vem de há  muito tempo.
Deixamos de cumprimentar os vizinhos, de socorrer alguém em dificuldade para não nos envolver nos “problemas dos outros”, não sabendo que são problemas nossos também. Deixamos que outros decidam por nós os nossos destinos, sem nos consultar. Deixamos de castigar nossos filhos quando desobedientes ou vândalos, e até a estimulá-los à rebeldia e ao desrespeito ao próximo. Tiramos a autoridade dos professores. E o pior é que não temos exemplos a seguir, não temos bons líderes.
            Passamos a valorizar mais o bandido que o mocinho. Por que um trabalhador tem que se contentar com um salário mínimo por uma jornada de oito horas, enquanto um bandido preso recebe quase R$ mil Reais e o Estado ainda gasta cerca de R$ 3 mil, retirados, dos nossos impostos, para mantê-lo preso com direito a casa, comida, roupa lavada, assistência médica e encontros íntimos?
            Trocamos os déspotas esclarecidos pelos déspotas ignorantes. Aceitamos receber dinheiro sem trabalhar, por pura falta de vergonha na cara, e nos contentamos com esmolas. Aceitamos trabalhar quatro meses por ano só para pagar impostos que invariavelmente são desviados para os ladrões do dinheiro público. Molestamos nossas crianças, as tratamos como adultas, e os adultos como crianças.
            Não nos motivamos a ir às ruas e protestar contra este estado de coisas, enquanto que os ladrões fazem banquetes e atos públicos de desagravo aos seus pares. Vocês podem pensar que eu estou falando do Brasil. Nunca uma frase me soou tão verdadeira: “deixei de procurar monstros embaixo da cama, quando descobri que eles estavam dentro das pessoas". A porta do hospício está aberta e os doidos estão no poder.

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