sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Amiga Onça



         Contam que o Macaco vivia a falar mal da Onça. Um belo dia a Onça pegou o Macaco e amarrou numa árvore dizendo: “Vou lhe dar cinco surras por dia”. Falou e cumpriu. Todo dia o Macaco tomava cinco surras de cipó caboclo. Depois, o tempo foi passando e a Onça foi diminuindo a quantidade de surras. Até que um dia ela disse ao Macaco: “Eu podia lhe comer (no bom sentido, devorar). Mas vou lhe soltar”. A partir daquele dia o Macaco saiu espalhando que a Onça era a melhor amiga dele, e ai de quem falasse mal dela perto dele. Era briga na certa.
         Um amigo me contou esta história lembrando que ele usou a mesma tática numa certa ocasião. Ele fora nomeado para dirigir um grande órgão público. Quando tomou posse e foi trabalhar, encontrou o caos instalado, como não deixa de ser em órgãos públicos. Funcionários relapsos, viciados, tratando mal os usuários dos serviços, chegando atrasados e até faltando ao trabalho.
         Ele reconheceu logo os fofoqueiros do pedaço e foi falando a cada um deles que iria baixar uma portaria cortando o ponto de quem chegasse mais de um minuto atrasado. Logo se instalou um clima de medo e raiva entre os funcionários, que já começaram a vê-lo como um tirano. No final do mês ele baixou a portaria, não com apenas um minuto, mas sim, quinze minutos de tolerância pelos atrasos. Foi o suficiente para que os funcionários mudassem de opinião. Agora ele já era o melhor chefe do mundo, um cara compreensivo e tolerante, pois poderia ter dado apenas um minuto, mas dera 15 de tolerância aos retardatários.
         Tudo isso ele me falou porque entendeu que  a presidente Dilma Rousseff está usando a mesma tática e agindo como a amiga Onça. Ela veio a público para dizer que vai reduzir o custo do consumo de energia elétrica. Porém, como ela mesma reconheceu, nós pagamos a energia mais cara do mundo, e ela, se quisesse, poderia até aumentar o preço da energia, afinal, tem poder para tal. Mas, não. Como ela é a melhor presidente do mundo, vai ser benevolente e reduzir o pequeno percentual nos valores cobrados.
         Pobres de nós, Macacos, que tiramos o chapéu e rendemos graças.

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