terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Coisas que marcam a gente


Foto ilustrativa


A convite de um amigo fui visitar o Centro Espírita que o mesmo freqüentava.
Era um grupo pequeno e eu, no meio de tantas cabeças brancas, me sentia um visitante naquela cidade espiritual “Nosso Lar”. Era um grupo com as mais variadas descendências familiares que se conheceu em época dos cabeças negras.
O espiritismo pouco fascinou os que “nada buscam”, porém, os que “muito almejam” são o orgulho e o farol da espiritualidade.
Pois bem, já se vão algumas primaveras desde o tempo em que esses “cabeças brancas” resolveram se unir para estudar o espiritismo.
O “Centro Espírita” cresceu, ajudou a muita gente e até tinha um “Grupo de Jovens” muito ativo. Era muita experiência usada sem fins lucrativos.
Aquela noite estava sendo dedicada ao estudo do Evangelho. Eu imaginei que iríamos ter um estudo diferente ornamentado pelas belas experiências acumuladas nesses anos.
“Meu reino não é desse mundo”. Essas sonoras palavras do líder do grupo ecoaram no ambiente. A idéia que me vinha à cabeça era que, a qualquer momento, a porta ao lado ia se abrir e por ela entraria algumas pessoas em busca desse reino ou do seu próprio Rei.
Isso não aconteceu. Os neófitos éramos nós mesmos. Alunos da espiritualidade há mais de cinqüenta anos e recebendo os mesmos ensinamentos espirituais como se fôssemos novatos procurando conhecer o espiritismo.
E o grupo de jovens representante desse centro? Já não era mais jovem e só conseguia atrair apenas alguns netos dos “cabeças brancas” para o labor diário.
Na parede, um calendário nos informava que há muito havíamos entrado no terceiro milênio, mas ali, continuávamos a respirar os ares dos anos cinqüenta.
Esse grupo “cabeça branca” sobreviveu às noites de boemia do Rio vermelho e da Ribeira, sobreviveu ao Pau Elétrico de Dodô e Osmar, ao Tropicalismo de Caetano, mas está tendo dificuldades de sobreviver à modernidade cultural do terceiro milênio.
Não foi fácil para Kardec buscar palavras que não ofuscasse o espiritismo nem o tornasse erudito.
Se os “Cabeças Brancas” quisessem sair de sua “zona de conforto” poderiam resgatar seu “Apogeu” bastando para isso, diferenciar os visitantes novatos dos veteranos. Os ensinamentos doutrinários seriam bem mais atrativos e produtivos. Seria o retorno ao “El Dorado”.
O “Grupo de Jovens” também poderia ativar seu diferencial.
Porque não inserir em suas atividades, diálogos interativos com os próprios habitantes da espiritualidade? Seria uma espécie de “Mesa Redonda” com entrevistadores e entrevistado, perguntas sobre suas cidades, sua fauna e flora, suas escolas, o último evento cultural que por lá aconteceu, etc. Com certeza, esse foi um dos caminhos trilhados por Léon Dénizard.
A Internet poderia ser uma forte aliada na divulgação desse trabalho.
Ainda bem que a maioria dos Espíritas foge à regra desses “Cabeças Brancas”.

Conrado Dantas

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