domingo, 27 de março de 2016

O coxinha e o mortadela


A dissonância cognitiva, mais que a capacidade de análise é que faz com que muitos pratiquem o relativismo moral que vivemos, para não abrir mão do idealismo juvenil ou do oportunismo adulto.
A dissonância mostra que reconhecer o fracasso de um projeto ou ideia, causa sofrimento mental. Assim, preferem evitar a ferida mortal de aceitar a falha, preferindo culpar terceiros ou permanecer no discurso da negação.
É desta forma que aceitam os 10 milhões de desempregados, as 100 mil lojas fechadas, o recuo da indústria em uma década, a inflação de dois dígitos, a recessão (PIB negativo) por inéditos três anos seguidos, os 40 ministérios barganhados (latifúndio improdutivo), o aparelhamento incompetente da máquina pública, a tentativa de quebrar moralmente a sociedade, o abandono do mérito.
Da mesma forma que tapam o nariz para os mais de 20 ministros caídos por corrupção, dois tesoureiros do partido presos, dois publicitários e dois ex-presidentes presos, além de deputados condenados, um senador preso em pleno mandato, empreiteiros e funcionários já julgados e condenados pelos negócios escusos com o governo.
Toleram o saque voraz à Petrobrás e aos fundos de pensão. Engolem calados o “petrolão” e o “mensalão” praticado pela “sofisticada quadrilha” no dizer do Procurador Geral ou pelos que queriam” solapar a democracia” ao comprar sistematicamente o Congresso Nacional, no dizer do decano Celso de Mello, do STF.
Comungam com o fracasso da saúde, da educação, do combate à violência e às drogas, enquanto desmerecem uma babá que trabalha. Ou vibram com estádios construídos em conluio com os empreiteiros presos que repassam palestras falsas, doam cozinhas e elevadores privativos em sítios e tríplex sem donos.
São obrigados a negar a lei gritando “perseguição” ou “peguem o outro ladrão, que não inventei a corrupção” ao invés de alegar inocência, ou negar os fatos gravados, delatados, ou os recursos recuperados.
Toleram que um investigado seja nomeado ministro claramente para obstruir a Justiça. Reclamam do vazamento de áudios, como se fosse mais importante que os fatos.
Acusam ministros do STF de partidários, mas só os que não comungam com sua cartilha, esquecendo os ex-funcionários. Vivem do ressentimento e sequer assumem o estelionato eleitoral, enquanto defendem uma política externa abjeta e criminosa como a bolivariana.
É gente que tolera que se chame pejorativamente de “coxinha” aqueles que são, hoje, a maioria da Sociedade, mas se indigna ferozmente com o “mortadela”.
Enquanto os brasileiros querem que o país seja passado a limpo, pouco importando a filiação dos presos, praticam a indignação seletiva, com a superioridade moral e intelectual dos que têm lado: o lado cúmplice.


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