PESQUISA recente aponta as causas mais comuns do sentimento de culpa: Pais culpam-se do pouco tempo reservado à família ou pelo fato de não impor limites aos filhos. Esses, por sua vez, ressentem-se de não demonstrar amor aos pais. A infidelidade e o aborto trazem uma inevitável colheita de remorsos. A falta de ética profissional é outra fonte de culpas. Há, também, a culpa pelo que não se fez. Hoje, a omissão é, possivelmente, uma das maiores causas de culpas individuais e coletivas.
A CULPA mais dolorosa é aquela que se situa em algum fato
definitivo. É o caso de mortes causadas por acidentes, culpáveis ou não. É o
sentimento que deveria ter amado mais a esposa, os filhos ou mesmo os pais e os
avós já falecidos. Quase sempre a culpa e o remorso não levam a nada, apenas
marcam negativamente o resto da vida. O importante é saber aceitar esse
sentimento e procurar viver em paz consigo mesmo, com os outros e com Deus.
A SABEDORIA popular
adverte que não
adianta chorar o leite
derramado. Algumas normas ajudam a conviver e mesmo
superar o sentimento
de culpa: Aceitar as próprias falhas.
Você não é um deus, não é puro espírito. O erro e as falhas fazem parte
de nosso dia-a-dia,
com maior
ou menor
intensidade. A pessoa
precisa aprender
a aceitar-se. Não adianta tentar
encontrar culpados: os pais,
o cônjuge, o colega,
o professor, o patrão...
Diante de qualquer
fato negativo,
precisamos reconhecer nossas limitações e fazer um
tratado de paz
com o passado.
O TEMPO cicatriza todas as feridas.
O tradicional luto é uma lição de sabedoria.
A dor, que
nos parece insuportável
hoje, tende a diminuir
com o passar
dos dias. Erga a cabeça
e pense no dia de amanhã. Mude, também, os objetivos.
Se um ideal
ruiu completamente, sempre
será possível construir
outro. Se a vaga
para a Medicina parece impossível, pense numa outra
possibilidade. Na vida há sempre ganhos e
perdas, saber
administrá-los é prova de maturidade e sabedoria.
É NECESSARIO apoiar-se sempre na fé. Pedir perdão e desculpar-se, mesmo quando é impossível remediar, ajuda a reencontrar a paz. O Evangelho é um contínuo convite a recomeçar: O cego passa a enxergar, o mudo a falar, o paralítico a andar, a mulher adúltera recupera sua dignidade e até a morte cede diante da vida. Deus é infinito em sua misericórdia. Ele apaga nossas culpas e nossos pecados.
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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