- Não traí, vibrador não é traição.
- É sim, você pensa em quem na hora? Em um boneco erótico?
- Não havia focado nisso, mas é uma boa sugestão . Idiota!
- Idiota porquê? Responda!
- Eu pensava em nós dois, nos tempos em que tínhamos vida sexual ativa.
- Então, não fui avisada. Quem não dá assistência abre a concorrência.
- Claro que eu dou assistência.
- Quinzena você paga a arrumadeira; meu emprego é full time!
- Não precisa humilhar.
- Não estou humilhando. Foi você que quis fazer essa terapia.
- Mas foi você que provocou minha reação comprando um vibrador.
- Nada demais. Saiba que ele foi o quinto eletrodoméstico a ser criado.
- Quanta cultura. Já podemos colocar nas listas de casamento.
- Até que não seria má ideia. Na saúde e na doença, no vibrador e fora dele.
- Virou ninfomaníaca? Onze orgasmos por noite é?
- Não desejo nenhum salto triplo carpado, embora não reclame se for ofertada. Só quero firmeza e regularidade.
- Acho que está esquecendo quem te deu dois filhos e os melhores minutos do mundo.
- Até reconheço que tem um histórico louvável, mas como dizem: pão comido, pão esquecido.
- O que você esqueceu é que é uma mulher de família.
- Mulher de família também goza.
- Não sei de nenhuma outra mulher que tenha isso.
- Sabe de nada inocente. Se botar chocalho no mulherio que usa ninguém dorme nessa cidade.
- Não é você, só pode ter visto isso na TV.
- Não foi, mas a Angélica até que disse em uma entrevista que “vibrador era vida”.
- Ela é artista, artista é tudo devasso.
- Você disse que votaria no marido dela para presidente.
- Foi desespero. E antes de saber que a mulher dele usava vibrador na lata velha.
- Quer dizer que eu sou lata velha é?
- Claro que não. Você é linda e me casei para te amar a vida toda.
- Mas você disse que eu não estava bonita naquela fotografia do casamento.
- Nenhuma foto do céu é justa com toda beleza dele.
- Ahhhh, assim eu não aguento. Te amo.
- Então volta. Vamos recomeçar nossa vida emendadinha de novo.
- Eu volto, mas com uma condição.
- Que condição?
- O vibrador fica.
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