sexta-feira, 28 de maio de 2021

Eu, D. Itamar e o jogo de Bocha

      

Hoje, 28 de maio de 2021, faz 26 anos que D. Itamar Vian chegava para ser o novo Bispo, vindo da cidade baiana de Barra, para substituir D. Silvério de Albuquerque, que se aposentava por idade. Gaúcho de Roca Sales, apesar dos muitos anos afastado da sua terra, Itamar Navildo Vian ainda guarda gostos e costumes da sua cultura. Conservador nos seus costumes, progressista nas suas ações, D. Itamar é um homem do seu tempo, sem se render aos avanços extravagantes e inconsequentes em nome de uma modernidade duvidosa. 

        Professor de Psicologia e de Comunicação Social, escreve artigos para jornais e grava textos para programas de rádio. E já escreveu diversos livros de mensagens religiosas. Chegou ao arcebispado e se aposentou compulsoriamente ao 75 anos, sendo hoje Arcebispo metropolitano emérito de Feira de San.

         Conheci D. Itamar de uma forma inusitada. Eu havia saído com uma equipe do jornal Tribuna Feirense, à noite, para fazer uma matéria sobre o jogo de Bocha, um esporte muito popular nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, mas muito raro por estas bandas nordestinas. Eu havia descoberto uma pista de Bocha no bar de um amigo, e ele permitiu que eu fosse lá com uma equipe para fazer uma matéria para o jornal. Quando chegamos, vimos que um dos jogadores era o bispo. O dono do bar nos apresentou e nós ficamos ali observando e aguardando, é claro, para entrevistar o jogador mais ilustre. O problema, é que havia um grupo jogando baralho, num canto afastado. E, não sabemos por que cargas d’água, um dos jogadores de baralho, um tal de Jandhui, deu de implicar conosco (acho que a mulher dele não sabia da sua jogatina, e ele temia ser revelado). Quando já estávamos discutindo com o sujeito, D. Itamar se aproximou ficou só observando. O indivíduo queria nos proibir de fazer a matéria. Quando viu que não iria conseguir, sem argumentos, disse: Outro dia na minha empresa quiseram fazer uma matéria e eu não autorizei. Aí foi a minha deixa pra matar a conversa: Pois é. Aqui a empresa não é sua e o dono nos autorizou, por isso vamos fazer a matéria. E fui saindo para conversar com D. Itamar. De longe ainda ouvi ele resmungar: Isso não foi bom não, viu! D. Itamar não comentou nada, mas sua expressão demonstrava sua desaprovação à atitude do sujeito.

         Mas fizemos a matéria e foi um sucesso. E a partir dali começou uma amizade que cresceu e dura até hoje. Sempre apoiei as iniciativas de D. Itamar, porque julgava corretas. E não foram poucas as tentativas que fizeram para me jogar contra ele. Porém, quem fazia isso, não merecia a minha confiança e o meu respeito, e apenas fortalecia a minha fé em D. Itamar. Quando um pároco desonesto foi afastado por ele, alguns paroquianos iniciaram uma campanha contra ele. Eu, que conhecia os trambiques que eram feitos com imóveis da igreja, numa nota de jornal ameacei tornar públicos documentos e depoimentos que eu tinha. Foi o suficiente para acalmar os desonestos. Eu compraria quantas brigas houvessem por Dom Itamar. Nós estaríamos muito melhor se houvesse mais homens como ele em posições de liderança, tanto na religião, quanto na política ou em qualquer outra área de atuação dentro da sociedade organizada. Não foram poucos os vagabundos que vi e ouvi tentando, sorrateiramente, desqualificar e difamar D. Itamar, e eu sabia que era apenas porque ele atrapalhava seus interesses sórdidos.

D. Itamar adentrando um templo maçônico para fazer palestra

         Ainda ontem lamentei termos perdido Antônio do Lajedinho, um homem como poucos que ainda restam no Brasil. E D. Itamar é um deles. Vida longa D. Itamar. Um soldado de Deus.

Cristóvam Aguiar

Nenhum comentário: