domingo, 16 de maio de 2021

... e a vaca foi pro brejo

      

        Embora sendo torcedor do Bahia, não tem como eu não gostar do Fluminense de Feira. A maioria dos meus amigos de infância eram torcedores do “Touro do Sertão”. E a gente ia juntos para o estádio, fazíamos piadas e brincadeiras com os adversários, e toda aquela alegria onde não cabia mágoas, ressentimentos e muito menos ódio. Era só torcer e se divertir, ganhando ou perdendo. Na campanha de 1969 a gente ia até para os treinos, que eram realizados no campo da Estação Nova, perto da Kalilândia, onde a gente morava. Naquela época, Dr. Alberto Oliveira era o presidente do clube e contava com o apoio financeiro da família Falcão e de diversos empresários da cidade. E eu estava na Fonte Nova quando o Fluminense se sagrou campeão, por uma rodada de antecedência, vencendo o Vi(ce)tória por 1 X 0.

      


Porém, tão logo terminou o campeonato, o time foi desfeito e o Bahia comprou alguns dos melhores jogadores. Não por acaso, o Bahia foi o campeão de 1970, iniciando uma série de títulos que chegou até o hepta campeonato. Ali começava a decadência do Fluminense. Sem o importante apoio financeiro da família Falcão, logo surgiram diversos políticos querendo ser dirigente ou diretor de algum setor do clube. Essa gente só pensa nos seus próprios interesses, que geralmente são políticos ou financeiros. O Clube até que tinha algum patrimônio. Tinha a sede social na rua Tertuliano Carneiro, a Concentração, na Ladeira do Cruzeiro (rua Juvêncio Erudilho). Vendeu os dois para pagar dívidas. Na década de 80, o bem sucedido empresário José Mendonça, foi convidado a ser presidente do clube. Seria a redenção financeira do Fluminense, pois além de ser excelente administrador, como provara na iniciativa privada, tinha contatos comerciais com a Parmalat, que estava investindo pesado em futebol para divulgar os seus produtos no mundo inteiro. Antes mesmo de assumir qualquer cargo na diretoria do clube, José Mendonça tirou o poderoso Parma para fazer um amistoso com o Fluminense, no Joia da Princesa, sinalizando que poderia haver um patrocínio e possivelmente até um intercâmbio de jogadores. Era juntar a fome com a vontade de comer. Quando José Mendonça disse que aceitaria ser presidente do clube e que formaria sua própria diretoria, os então diretores reagiram e não aceitaram, querendo permanecer em seus cargos. E José Mendonça desistiu. Por razões óbvias.

      Muitos presidentes, diretores de futebol, diretores financeiros e aspones (esses muito sabidos), passaram pelo clube que a cada ano caia mais. Já era uma morte anunciada. Mas ainda apareceram alguns abnegados bem intencionados e capazes, que tentaram salvar o clube. Eu me lembro que o médico Tarcízio Pimenta chegou a assumir a presidência do clube, onde encontrou dezenas de dívidas de ações trabalhistas. Ainda assim, ele construiu o Centro de Treinamento e deixou o clube com apenas 4 ações trabalhistas ainda não resolvidas. Mais tarde, o professor Jodilton Souza, se tornou diretor do clube e estava fazendo um bom trabalho. Mas os parasitas do clube e outros oportunistas políticos, começaram sua ação nefasta, para desqualificar o trabalho de Jodilton e até taxando-o de desonesto. Ele não suportou e, com razão, deixou o clube. Em seguida Jodilton adquiriu o Bahia de Feira, que logo no início foi Campeão baiano, e hoje tem um bom centro de treinamento, um estádio e está, com méritos, na final do campeonato baiano deste ano, enquanto o Fluminense foi rebaixado para a 2ª  Divisão.

         E foi assim que o Touro virou vaca e foi pro brejo.

 

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