A sintonia
entre Gilberto Gil e Caetano Veloso é tamanha que vira e mexe um completa o pensamento do outro. Gil
adivinha os fins de frase de Caetano e por vezes faz coro às suas últimas
palavras como uma segunda voz. Ou então a conversa de repente vira um
pingue-pongue, com as respostas sendo construídas como uma canção.
Na tarde de uma
quarta-feira, Caetano Veloso e Gilberto Gil se encontravam no amplo estúdio da
Gegê Edições, produtora de Gil no Rio, para o primeiro dos ensaios para a turnê
"Dois Amigos ─ Um Século de Música".
O reencontro
dos dois no palco acontecerá em 11 países europeus a partir de 25 de junho,
começando por Amsterdã, na Holanda. É mais um desdobramento da parceria
visceral que nasceu em 1963, quando Caetano e Gil se conheceram na Bahia, à
época estudantes universitários dando os primeiros passos na carreira.
Aos 72 anos,
nascidos no mesmo ano com um mês e meio de diferença, um diz que não seria o
que é hoje sem o outro. "Se eu toco um pouco de violão, é porque vi ele
tocar e copiei seus movimentos e tentei entender o que significavam", diz
Caetano sobre Gil.
"E se eu
aprofundei a minha curiosidade sobre as palavras, a poesia, é totalmente por
causa dele. Ele me ensinou a realmente explorar a minha alma em busca das questões
humanas, sociológicas. É uma das pessoas mais profundas que já conheci."
"Meu
Deus!", reage Caetano à bajulação do amigo, e os dois irrompem em risos. A
música brasileira também não seria a mesma sem os dois.
A turnê agora
comemora 50 anos de suas carreiras, data contada a partir da primeira gravação
de cada um, em 1965 ─ somando um século de produção musical. É a primeira turnê
que os dois fazem juntos em 21 anos, desde que apresentaram ao mundo o show
ligado ao álbum Tropicália 2, em 1994. (Leia matéria completa no BBCBrasil)
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