sábado, 6 de junho de 2015

Eles insistem em enganar

Nas magníficas manifestações de junho de 2013, ora completando dois anos, e nas quais “forças estranhas” (sabemos muito bem quais) infiltraram baderneiros para desmoralizar o protesto consciente e eficiente da população, o povo brasileiro, aos milhões nas ruas, pediu uma mudança radical no perfil dos políticos, reivindicações estas embutidas numa série de “starts”, por assim dizer, óbvios, como melhor transporte, melhor saúde pública e melhor segurança.
Nem transporte, nem segurança, nem saúde pública melhoraram coisa alguma. Tudo está como dantes, neste velho quartel de Abrantes. E quanto à mudança do perfil dos políticos, a situação é ainda mais acintosa na medida em que a “reforma política” que ora vem sendo engendrada tem, pasmem, como capitães, figuras execráveis da vida política brasileira, inclusive uma delas alvo de protestos diretos em 2013, que é Renan (argh!) Calheiros.
Calheiros e Eduardo Cunha, este um representante do que há de mais retrógado na sociedade brasileira, um fundamentalista patético, estão conduzindo a dita “reforma política”, tratando os conteúdos como cláusulas particulares, ou seja, apenas referendando aquilo contra o quê a sociedade se colocou e se coloca totalmente avessa. Todas as manobras – e não perderei tempo aqui para identificá-las – tentam levar, pura, simples e cinicamente, à manutenção do status quo, numa tentativa  perversa de engabelar a opinião pública.
Senhores, o que a população pediu, e pede, é que tenhamos políticos com novas ideias, o máximo possível livres dos vícios de décadas que levam ao roubo escandaloso aos cofres públicos, seja através de mordomias bizarras ou do puro e simples furto. Mas isso não está mudando e nem vai mudar, repito, na medida em que as raposas é que estão tentando impor regras ao galinheiro.
Tudo está sendo elaborado, inclusive com anuência de partidos que posam de “esquerda” ou arautos da “mudança”, para que nada mude.
Eis uma lembrança recorrente para mim, quando toco neste assunto, e já repeti isso aqui e na minha coluna várias vezes: a frase do príncipe à beira da derrocada da monarquia na Itália, no fantástico romance de Lampedusa, “O Leopardo”: “É preciso mudar, para que tudo fique como está”.
Enfim, caros leitores – e espero que eleitores não crédulos –, o que está em curso é mais uma grossa enganação. Estão tentando ludibriar a sociedade, que tem que reagir a isso. Vamos exigir que o perfil dos políticos mude, sob pena, inclusive, de nos abstermos de votar.
Aliás, tomara que seja aprovado o fim de absurda e ditatorial obrigação do voto. Eles chamam o voto de “direito”, mas direito é aquilo que você pode exercer ou não. O voto, nos moldes que vem desde a década de 1930, é simplesmente uma absurda obrigação. Você TEM que eleger alguém. Ora, bolas! E se você não quiser eleger nenhum dos que se apresentam, simplesmente por não acreditar neles? Aí é punido, pode perder emprego, não tira passaporte, um inferno. Temos que acabar isso ou jamais alguém poderá abrir a boca para dizer que este país uma democracia. Hum, democracia à custa de votos comprados, inclusive pelo Bolsa Família? Vade retro!

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